domingo, 25 de dezembro de 2005

O caso da neve (ou falta dela) no Marquês de Pombal

O que até podia ser uma iniciativa inovadora e capaz de impactar um largo número de portugueses, que é algo cada vez mais difícil dada a multiplicidade de acções que se sobrepõem todos os dias, acabou por ser um fiasco devido à sua não concretização. Estou a falar-vos da acção “Neve no Marquês”, uma iniciativa do Banco Espírito Santo (BES).

Esta instituição bancária, em parceria com a agência de publicidade BBDO e a agência de eventos Stressless, pretendeu, nas palavras dos seus responsáveis, “proporcionar aos lisboetas in loco e aos portugueses em geral, através da televisão, momentos de lazer originais”. Deixem-me acrescentar, tentaram confrontar a iniciativa do Millennium BCP com a maior árvore de Natal da Europa, localizada também em Lisboa.

Anunciou-se que durante diversos dias, ao final de tarde, haveria no alto de um dos edifícios do Marquês de Pombal, seis canhões a “cuspirem” flocos de neve. Criou-se uma elevada expectativa junto da população (nomeadamente crianças) devido ao carácter original da iniciativa em pleno coração da capital portuguesa. No entanto, tudo acabou por não acontecer devido a uma falta de licenciamento camarário, e como se isto não bastasse, ainda foi levantado um auto por parte da polícia ao promotor do evento, por este ter instalado um palco e outros equipamentos sem a respectiva licença. Segundo o BES, “tudo foi adiado por motivos técnicos, não havendo ainda uma nova data para a realização da acção”. No entanto, é de lamentar que este comunicado só tenha sido enviado para as redacções dos meios de comunicação social 20 minutos antes da hora prevista para o início do evento.

Dada a complexidade e pioneirismo da iniciativa, esta esbarrou na falta de uma declaração da PSP a garantir a circulação rodoviária na rotunda durante os “nevões”, num pedido de licença de ruído e numa declaração de compatibilidade ambiental. Para além disto a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACAM) já tinha também nos últimos dias questionado a iniciativa, alegando que esta poderia causar um aumento e agravamento dos despistes, colisões e atropelamentos na zona. Requereu, inclusive, à administração do BES e à autarquia lisboeta esclarecimentos sobre a “realização de um estudo de risco de segurança rodoviária, previamente à autorização desta campanha”.

Quero com isto transmitir-vos que uma boa ideia é importante, mas a forma como se a concretiza é tão ou mais determinante para o resultado final. Ou por outras palavras, a ideia e a implementação da mesma não vivem separadamente, e o resultado de uma influencia automaticamente o resultado da outra.

A iniciativa “Neve no Marquês”, dada uma má concretização (ou falta de planeamento da acção) da ideia inicial, não só explorou todo o potencial mediático que tinha, como viu este mediatismo positivo transformar-se em negativo, com notícias de TV, rádio e imprensa a denunciarem a perplexidade e a desilusão dos populares face ao cancelamento da acção. Cabe agora apurar as responsabilidades pelo sucedido, mas uma coisa é certa, para o comum dos mortais, a imagem do BES foi afectada com esta caricata situação.

domingo, 11 de dezembro de 2005

Gestão de Crise

Veio a público no passado dia 22 de Novembro, através de diversos meios de comunicação social, notícias relativas à retirada do mercado em Itália de alguns lotes de leite líquido infantil produzido pela Nestlé. A razão desta retirada prendeu-se com a existência de vestígios nas embalagens de um componente identificado como isopropylthioxantona (ITX) procedente de uma migração do material de embalagem TetraPak impresso em offset.

Estas notícias vindas de Itália chegaram rapidamente a Portugal tendo eco na esmagadora maioria dos órgãos de comunicação social nacionais. Igualmente rápida foi a tomada de posição da companhia face ao problema. No dia em que o caso se tornou público, a empresa emitiu pelas 18 horas um comunicado que refere que, apesar do produto não oferecer nenhum risco para a saúde, a Nestlé irá substituir todos os lotes que foram produzidos com a referida técnica de impressão. Segundo a mesma fonte, esta atitude tem como objectivo tranquilizar a 100% os seus consumidores. A empresa disponibilizou também, desde logo, uma linha telefónica para responder a todas as questões sobre este assunto.

No dia seguinte, este mesmo comunicado, estava presente em todos os jornais em letras garrafais e ocupando páginas completas. Mais de quinze dias depois, a Agência Europeia para a Segurança Alimentar concluiu que a substância ITX detectada em embalagens de cartão é motivo de pouca preocupação para a saúde. Este parecer apesar de importante para esclarecer toda a situação, teve pouca cobertura na comunicação social. Mais uma vez se confirma que os jornalistas desejam ferozmente alarmar o público, esquecendo-se depois de repor a verdade e esclarecer toda a matéria noticiada.

Como é inevitável nestes casos, todo este problema provocou obviamente uma quebra nas vendas dos produtos Nestlé, nomeadamente dos supostos leites contaminados. No entanto, penso que a companhia reagiu rapidamente e de forma correcta às notícias veiculadas. Com o parecer da Agência Europeia para a Segurança Alimentar nos últimos dias, acredito que a confiança foi novamente devolvida aos consumidores nacionais e o bom nome da Nestlé reposto. Sem dúvida, uma gestão de crise bem gerida!

domingo, 27 de novembro de 2005

A criatividade nas Relações Públicas

Vivemos na era da inovação e do desenvolvimento. A sociedade muda a cada dia que passa. Os processos e métodos de trabalho renovam-se diariamente. As relações públicas não são excepção.

Quem estagne na área da comunicação, muitas das vezes à sombra de bons resultados, será rapidamente ultrapassado. Quem não privilegie o conhecimento, o saber, a criatividade e a imaginação, não tem certamente lugar nesta área durante muito tempo.

As relações públicas têm normas de actuação, mas vive, na minha opinião, muito da criatividade e da inteligência do profissional. Se preferirem ainda de uma forma mais clara, o sucesso de um técnico de relações públicas depende do seu “jogo de cintura” perante os problemas e adversidades que surgem frequentemente. Há que saber contornar e ultrapassar os problemas e todos os minutos são importantes e cruciais. Só assim nos podemos destacar dos nossos pares. E isto não se aprende em nenhum manual. Assimila-se com a experiência.

No entanto, não julguem pelas minhas palavras que eu sou da opinião de que basta ser diferente para se triunfar. A boa criatividade é aquela que é usada com sabedoria. E esta surge muitas das vezes por acaso, durante a refeição, o banho, a caminho do trabalho, etc.

O CD da Leopoldina levado a cabo pelos hipermercados Continente e pela TVI, a escolha do mítico Pele como rosto do Viagra e a campanha “Swatch Fraldinhas” são apenas alguns exemplos de projectos muito bem criados, implementados e rentabilizados. Aliando isto à inovação e pioneirismo dos mesmos, faz com que estes sejam percepcionados e bem acolhidos pelos consumidores, e por outro lado bastante profícuos para as marcas.

domingo, 20 de novembro de 2005

Boato ou talvez não?

Esta semana enviaram-me um e-mail que resolvi partilhar convosco. Eis a mensagem:

Um Crime

Uma história de 2 aeroportos:
Áreas:
Aeroporto de Málaga: 320 hectares
Aeroporto de Lisboa: 520 hectares
Pistas:
Aeroporto de Málaga: 1 pista
Aeroporto de Lisboa: 2 pistas
Tráfego (2004):
Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento de 7 a 8% ao ano
Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento de 4,5% ao ano
Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20 milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8km da cidade e continua a ter uma só pista
Lisboa: 1 novo aeroporto 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a 40km da cidade

É o que dá sermos ricos com o dinheiro dos outros e pobres com o próprio espírito. Ou então alguém tem de tirar os dividendos dos terrenos comprados nos últimos anos. Ninguém investiga isto?

E sabem quem é o dono dos terrenos da Ota… Pois é…o Dr. Mário Soares, sabem agora porque é que ele se vai recandidatar?!! Porque o negócio com o Cavaco na presidência poderia ser inviabilizado.
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É certo que esta semana o candidato presidencial em causa já refutou publicamente o (suposto) boato, esclarecendo que nem ele nem qualquer familiar seu possui terrenos na Ota. No entanto, sendo verdade ou não, existirá sempre uma percentagem de pessoas que duvidará das palavras do Dr. Mário Soares. Muitos alegarão que se o assunto veio a público através dos media, é porque a acusação terá algum fundamento. É incontestável, este facto belisca a imagem do candidato do PS.
Qual será a origem de tudo isto? A investigação jornalística ou as máquinas partidárias? Eu acredito sinceramente muito mais na segunda opção. Isto porque as estratégias dos muitos assessores que trabalham a comunicação e imagem dos candidatos políticos são cada vez mais fortes, incisivas e aguerridas. É assim natural levantarem-se este tipo de boatos, a que eu carinhosamente apelido de "poeira política", pois em vez de se discutir ideias e propostas, opta-se por este tipo de "jogo" muito pouco sério. Resta agora apenas uma questão: Quem realmente beneficia com este tipo de estratégia?

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Cinema Nacional

Foi hoje apresentado um estudo realizado pela Universidade Lusófona que refere que mais de metade dos portugueses sente indiferença pelo cinema nacional. Desinteresse pelos argumentos, ideia negativa dos actores e falta de promoção dos filmes portugueses foram as razões principais evocadas pelos inquiridos.
Globalmente, o estudo concluiu que existe uma "falta de empatia" e uma "atitude negativa generalizada" dos portugueses em relação aos filmes nacionais, segundo os autores do mesmo. Estas conclusões não são certamente inesperadas para ninguém, mas penso que está na altura dos responsáveis se unirem e definirem uma verdadeira estratégia que vise melhorar a imagem e a performance da indústria cinematográfica portuguesa.
A falta de verbas não poderá ser uma justificação para uma deficiente promoção dos filmes portugueses. Penso que a solução aqui será o uso da criatividade, nomeadamente com a concretização de profícuas parcerias.
Se as produtoras nacionais não têm actualmente capacidade para promover os seus trabalhos de forma adequada, torna-se crucial que estas desenvolvam planos estratégicos de acções, sempre definidos de acordo com os objectivos e conteúdos específicos de cada filme.
Como é possível que produções nacionais premiadas e reconhecidas internacionalmente estejam presentes em meia dúzia de salas portuguesas, e quase sempre despidas de espectadores?
Bem sei que as mentalidades não se alteram de um dia para o outro, mas isto não é razão para cruzarmos os braços e nada fazermos como habitualmente. Por isso.... 1,2,3... ACÇÃO!!!

domingo, 6 de novembro de 2005

7º Congresso Europeu de Relações Públicas

Caros amigos, hoje deixo-vos aqui uma nota muito importante. Realiza-se nos próximos dias 10, 11 e 12 de Novembro, na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, o 7º Congresso Europeu de Relações Públicas.
Um dos mais importantes eventos de Relações Públicas da Europa e do mundo, que conta com a presença de pessoas dos quatro cantos do mundo (Nova Zelândia, Austrália, Africa do Sul, Europa de Leste e Ocidental, Ásia e América do Sul).
Sem dúvida, um evento a não perder!

domingo, 23 de outubro de 2005

As Pós-Graduações em Comunicação

Nos últimos tempos temos assistido ao nascimento de múltiplas pós-graduações na área da comunicação e relações públicas em Portugal. Serão todas válidas? Serão todas enriquecedoras? Serão uma mais valia profissional para as pessoas que as frequentam? Tenho sérias dúvidas!
Das dezenas de cursos que existem, contam-se talvez pelos dedos de uma mão só, os que realmente valem a pena investir tempo e dinheiro. Muitas pós-graduações em comunicação que existem em Portugal não têm programas científicos úteis nem professores com competências adequadas.
Eu sou defensor acérrimo da formação contínua, e penso que sem esta mentalidade e atitude não é possível evoluir, no entanto acho que se anda a comprar gato por lebre.
Compreendo que as pessoas que infelizmente estão no desemprego ou estagnadas profissionalmente procurem as pós-graduações com o objectivo de impulsionar as suas carreiras. No entanto, também infelizmente, existem no mercado outros que se aproveitam desta fragilidade, desenhando cursos e convidando professores mediáticos, apenas a pensar no retorno finaceiro dos mesmos.
Isto é como tudo. É fundamental beber informação junto de várias fontes, reflectir e tomar a decisão que se acha mais acertada. Com esta estratégia, temos muito mais hipóteses de sermos felizes!

domingo, 16 de outubro de 2005

Comunicação de Crise - Caso Real

Hoje trago-vos aqui um caso real de comunicação de crise, com grande impacto mediático a nível nacional, que tive oportunidade de viver bem de perto. A cartelização na indústria farmacêutica.
Puxando um pouco o filme atrás, para os mais distraídos, a Autoridade da Concorrência anunciou no passado dia 13 que condenou cinco empresas da indústria farmacêutica a pagar 16 milhões de euros de multa por manipulação de preços em vários concursos públicos. Em comunicado, a Autoridade da Concorrência diz que decidiu condenar a Abbott Laboratórios, a Bayer, a Menarini Diagnósticos, a Roche Farmacêutica Química e a Johnson & Johnson por se terem concertado com o objectivo de "impedir, restringir ou falsear, de forma sensível, a concorrência através da fixação de preços".
Esta notícia dada em primeira mão pela Agência Lusa, foi o rastilho de uma bomba que explodiu momentos depois em televisões, rádios e imprensa. As notícias sobre este assunto abriram telejornais, blocos notíciosos nas rádios e fizeram primeiras capas quase em todos os jornais. Isto já para não falar dos diversos fóruns de discussão nos meios de comunicação social e na ida do Ministro da Saúde à SIC Notícias em horário nobre e em directo. Ou seja, muitas linhas se escreveram, muitos minutos de protagonismo teve este caso nos últimos dias.
A indústria farmacêutica é um alvo muito apetecível de muitos meios de comunicação social, tendo níveis de reputação e notoriedade quer junto destes, quer junto do público em geral muito reduzidos. Este caso ajudou assim, ainda mais, a manchar a imagem não só dos laboratórios envolvidos, como também de todo o sector. Isto porque as pessoas esta semana podem ainda ter em mente o nome das empresas envolvidas no caso, mas certamente que no próximo mês o que se irão lembrar será de que a indústria farmacêutica prejudicou muitos doentes portugueses.
Dos cinco laboratórios envolvidos, apenas um revelou que aceitava pagar a multa que lhe foi aplicada. Outros dois, rejeitaram as acusações, e houve um que nem sequer falou. O quinto e último envolvido, como colaborou com as investigações, remeteu-se também ao silêncio. Quem tomou a atitude mais correcta e menos penalizante?
As opiniões serão diversas, concerteza. Uns, argumentam que é preferível assumir desde o início a culpa e aceitar que errou. Outros, defenderão que negar (mesmo que seja o evidente) a injusta situação é a opção mais válida. Outros, dirão ainda que não falar, mantendo um low profile em todo o caso, será o caminho mais acertado.
Na minha opinião, o que não deixa qualquer dúvida é que este caso ajudou a prejudicar a má imagem pública que o sector tem em Portugal, lançando ainda mais dúvidas sobre o comportamento das empresas que actuam nesta área. O mercado necessita urgentemente de uma operação plástica!

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

A Origem dos Técnicos de Comunicação

No outro dia dei por mim a conversar com um colega meu sobre a origem das pessoas que trabalham nos departamentos de comunicação das empresas. A resposta surgiu ali rapidamente: vendas, recursos humanos ou secretariado, são alguns exemplos.
Curiosamente, as empresas, devido à necessidade de comunicarem com os seus diversos públicos, deslocam internamente pessoas provenientes das áreas mencionadas para os recém criados departamentos de comunicação. Muitas das vezes essas pessoas sem formação na área, ocupam mesmo o lugar de directores de comunicação. As fusões (e nos últimos tempos temos assistido a várias) são outro pretexto para isso acontecer. Para não se despedir tantas pessoas nestes processos, os gestores preferem arranjar uma solução interna, proveniente de outro departamento, sem formação adequada, para a área da comunicação. Isto acontece dado os gestores das empresas terem pouca ou mesmo nenhuma sensibilidade para esta disciplina, desvalorizando o potencial da mesma. Eles acreditam que todos têm capacidade e apetência para trabalhar nesta área.
Mais tarde, quando as empresas recorrem aos serviços de uma agência de comunicação as coisas complicam-se para estes últimos. Isto porque tem que se lidar com pessoas que pouco ou nada percebem, que pouca ou nenhuma experiência têm na área da comunicação. Desta forma, dizem os mais diversos disparates. Eis alguns exemplos:
- "Quantos jornalistas vamos ter na conferência de imprensa daqui a 3 dias?";
- "Eles não podem enviar os textos antes de serem publicados para nós revermos?";
- A uma hora do início da conferência de imprensa: "Soubemos agora que o nosso Director-Geral estará presente. Faça lá um forcing junto dos meios!";
- "Então e amanhã no evento temos televisões? E o Expresso?".
Para os clientes as suas iniciativas são sempre fantásticas e marcam sempre a agenda mediática nesse dia. Mesmo que o público-alvo não sejam os leitores do jornal Expresso ou Visão, eles gostam de ter notícias nestes meios. São considerados os órgãos de comunicação ideiais. Quero com isto dizer que tomam decisões em função de gostos pessoais e não em função da estratégia empresarial.
Podem pensar que são poucas as pessoas com responsabilidades na área da comunicação que fazem as perguntas ridículas que referi anteriormente, mas não, existem concerteza muitas e eu infelizmente conheço algumas. Exige-se uma mudança rapidamente!

domingo, 2 de outubro de 2005

Estagiários

Todos os meses chegam às agências de comunicação dezenas de CVs de jovens, ou menos jovens, à procura de um lugar no mundo da comunicação. Os meses de Setembro e Outubro são obviamente os períodos onde se regista o maior número de envios. Findado o curso superior, lançam-se à aventura, "disparando" uma série de CVs por correio e, graças às novas tecnologias, por email, reduzindo assim os custos da acção.
Curiosos pela, muitas das vezes, primeira experiência profissional, enchem-se de sonhos e ambições. No entanto, na maior parte dos casos, as coisas não se concretizam como desejam. Um dos principais problemas, será sem dúvida, a falta de oportunidades em crescer profissionalmente. Ou seja, muitas das vezes os jovens são utilizados para fazer apenas as tarefas que os outros mais velhos, e há mais tempo nos locais de trabalho, não querem fazer. São poucas as empresas que estimulam os mais novos e retiram daí os devidos proveitos.
Dada a muita oferta de recém-licenciados, as empresas de comunicação não se preocupam em formar as pessoas e utilizam-as de forma completamente errada. Na minha opinião, esta situação fica-se a dever a uma falta de formação dos gestores ao nível dos recursos humanos e de visão estratégica a médio-longo prazo. Desta forma, optam pela "gestão reciclável", ou seja, de 6 em 6 meses os estagiários renovam-se. Quem se poderá motivar assim, sabendo que por muito bom que seja o seu desempenho acabará por ser dispensado?!!
No meu entender, existem no mercado muitos profissionais séniores cheios de vícios que adoptam diariamente uma atitude passiva, acomodados talvez a alguns bons resultados que possam ter conseguido. Por outro lado, existem certamente alguns jovens dinâmicos e irreverentes empenhados em mostrar o seu valor, que mereciam pelo menos uma oportunidade. É uma questão de renovação saudável que só poderá ter um impacto positivo na empresa!

domingo, 25 de setembro de 2005

A Estratégia na Comunicação

Muitas pessoas criticam o trabalho que se faz nas agências de comunicação, pois referem que os seus profissionais apenas fazem assessoria de imprensa. Criticam a falta de estratégia nas acções implementadas e nos planos de comunicação levados a cabo. Consideram-os meros executores de acções.
Na minha opinião, a assessoria de imprensa será sempre a actividade principal das agências de comunicação. É para isso que são pagas. Têm como grande objectivo gerarem notícias, dar visibilidade às empresas para as quais trabalham. Sem notícias não há agência que resista.
No entanto, enganem-se os que pensam que tudo é fácil e que qualquer um pode ser responsável de comunicação, pois basta fazer uns telefonemas e ter um vasto léxico que as notícias surgem logo. Pois, não é bem assim! Um bom relações públicas tem que ter um pensamento estratégico orientado sempre para os resultados. Sem estratégia e sem preserverança os resultados são muito reduzidos.
A estratégia de que eu falo aqui, é o alinhamento das acções de comunicação num plano. Os momentos comunicacionais têm de ter uma lógica sequencial e não podem ser despejados de qualquer forma para um plano de comunicação.
Mais do que isso. Um bom relações públicas é aquele que está atento à sociedade e ao mercado profissional onde se movimenta e sabe aproveitar as oportunidades que surgem. Muitas das vezes, estes sinais que devem ser interpretados não são claros, dependendo muito do faro comunicacional do profissional, que aliado a um espirito criativo do mesmo, pode resultar numa excelente iniciativa de relações públicas.
Em jeito de conclusão, um profissional completo é aquele que privilegia nas tarefas do seu dia-a-dia a proactividade, o conhecimento, a preserverança, a criatividade e a estratégia.

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Os Assessores e a Política

Com o aproximar galopante das eleições autárquicas nacionais, no próximo dia 9 de Outubro, multiplicam-se os debates televisivos na SIC Notícias e RTPN com os candidatos mais mediáticos de Portugal. Eu confesso que não tenho grande paciência nem para políticos nem para politiquices. No entanto, não poderia perder o debate da passada 5ªfeira, na SIC Notícias, entre os principais candidatos à Câmara Municipal de Lisboa: Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho.

Que triste espectáculo! Ofensas, desmentidos, controvérsia, e muito baixo nível entre os dois candidatos à principal câmara de Portugal! No final do debate, um estender de mão por parte de um dos candidatos que não foi correspondido pelo outro, originou mais umas ofensas e uma polémica enorme em torno deste momento televisivo.

Foi tão marcante aquela hora de televisão, que no dia seguinte, o debate foi a principal notícia dos meios de comunicação social. Assim foi, que até a RTP e a TVI passaram as imagens da SIC Notícias.

Mas perguntam vocês porque é que eu estarei a falar deste assunto num blog de relações públicas, se nem gosto de política? Passo a explicar: 24 horas após o debate ouvi um comentário interessantíssimo por parte do jornalista Joaquim Letria. Interrogado sobre qual teria sido a principal razão para o tão mau momento televisivo entre o Eng. Carmona e o Dr. Carrilho, Joaquim Letria culpou os assessores e as equipas que estão por detrás dos candidatos. Justificou tal acusação pelo facto de terem sido usadas certas expressões e posturas que não foram naturais, mas sim trabalhadas antecipadamente, com o objectivo de perturbar e destabilizar o discurso e o pensamento do adversário.
Concordo a 100% com a opinião do jornalista Joaquim Letria! Os assessores que andam no mundo da política, são muitas das vezes pessoas sem formação, que não olham a meios para atingir e derrotar os seus adversários. Na maior parte dos casos não têm uma conduta profissional e gozam cada vez mais de um maior poder junto dos políticos. Para mim, eles são um forte contributo para o estado de descrédito e desconfiança dos políticos e da política feita em Portugal. Não acham que está na hora da mudança? Quem vota a favor?

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

A importância de uma boa conduta profissional

Para se ser um bom técnico de relações públicas é necessário construirmos e consolidarmos boas relações com a comunicação social. Para isto, jamais poderemos mentir aos jornalistas. Uma boa relação com este público-alvo cria-se através dos valores que empregamos no exercício da nossa profissão. Honestidade, franqueza e transparência, são certamente os principais. Só com este espírito e mentalidade conseguiremos criar laços profissionais duradouros com os jornalistas e sermos considerados por estes como uma boa fonte, uma fonte credível.
Muitas das vezes, a pressão exercida pelos clientes (caso trabalhemos numa agência de comunicação), ou pelos directores (caso trabalhemos numa empresa) leva-nos a nós, profissionais de relações públicas, a empolar os projectos que temos em mãos. Há assim uma tendência para vender "gato por lebre" aos jornalistas. As conferências de imprensa, devido ao seu risco, são bons exemplos para ilustrar esta situação. Isto porque são eventos criados pelas empresas cujos destinatários são apenas os meios de comunicação social. Se não comparecerem jornalistas, estas iniciativas, como é óbvio, não fazem sentido.
São vários os factores que podem comprometer a organização deste tipo de iniciativas:
- Convite (mal redigido; timing inadequado; não chegar aos destinatários pretendidos);
- Pertinência do tema da conferência;
- Dia e hora da iniciativa;
- Localização do evento (maus acessos, sítio desconhecido,...);
- Oradores (pouco relevantes);
- Factores externos e imprevisíveis à própria conferência.
Dado serem tantos os riscos que se correm quando se cria uma conferência de imprensa, os seus organizadores cometem algumas vezes o erro de exagerarem nos conteúdos da mesma. Por exemplo, referem no convite que fazem à comunicação social que irão ser apresentados dados fantásticos sobre um assunto, e depois isso não acontece; dão enfoque nos convites a temas que depois na conferência são quase ignorados; mencionam que estarão presentes na conferência certas personalidades que depois não aparecem, etc.
Isto pode provocar de imediato situações complicadas através de notícias negativas sobre a empresa e/ou iniciativa. Para o profissional de relações públicas uma situação deste género dá, em muitos dos casos, uma má imagem dele e dos seus colegas de profissão e trai a relação de confiança por vezes já criada com o jornalista, comprometendo assim trabalhos futuros. Sabendo que o panorama de meios de comunicação social e jornalistas é tão reduzido em Portugal, criar inimizades pode ser muito prejudicial. Desta forma, há que pautar diariamente o nosso comportamento com muita correcção para que não hipotequemos o futuro enquanto profissionais de relações públicas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Procura-se Jornalista! Dá-se Recompensa!

Findado o mês de Agosto, apelidado por muitos de «silly season», as acções de relações públicas quase desaparecem durante este período. Foram muitos, certamente, os que hoje voltaram aos seus escritórios e locais de trabalho cheios de ideias, planos e acções de relações públicas para levar a cabo. Posso desde já afirmar, sem margem para dúvidas, e num termo muito pessoal, que está aberta a época de selvageria comunicacional. O canibalismo entre acções de relações públicas vai assim começar dentro de momentos.
Jornalistas preparem-se: os telefones vão tocar, os emails vão atolhar a caixa de email, os convites vão amontoar-se em cima da secretária! Está aberta a "Caça ao Jornalista"! E vale tudo: convites criativos, eventos em locais fantásticos, ofertas subliminares, conferências sem pertinência transformadas em momentos únicos,...!! Tudo, vale tudo para apresentar resultados!
Para terminar deixo aqui uma questão: não será pertinente e vantajoso realizar acções de comunicação durante Agosto, aproveitando assim a tranquilidade no meio e os elevados índices de leitura por parte do público?

Acessor

Cartão vermelho para a TVI! Vi há pouco neste canal, no Jornal Nacional, um porta-voz do Sporting Clube de Portugal ser nomeado como ACESSOR deste mesmo clube. Quem é o responsável pelas legendas deste canal? Oh meus senhores, a palavra ASSESSOR pronuncia-se da mesma forma, mas escreve-se de maneira diferente.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Relações com os Media - Parte II (Conclusão)

Para se obter uma boa performance nas relações com os media não basta ao técnico de relações públicas dominar a técnica, existe outro factor muito importante - Sorte! Passo a explicar. Em todos os meios de comunicação social existem jornalistas que detestam e recusam dialogar com agências de comunicação. Encaram sempre os seus técnicos como simples vendedores e não aproveitam as mais valias de uma parceria com estes. Há por isso que ter sorte em contactar o jornalista indicado.
É completamente verdadeiro que os técnicos de relações públicas quando telefonam para um jornalista, pretendem oferecer-lhe um tema que lhes convém. Assim, como também é verdade que os jornais só existem (e têm os critérios editoriais que têm) porque vendem e dão lucro no final do ano. Quero com isto dizer, e recorrendo à linguagem popular, "ninguém dá nada a ninguém". No entanto, na minha opinião, podem-se tirar grandes proveitos de uma boa relação Jornalista - Relações Públicas, para ambos os profissionais.
Se um RP oferecer a um bom jornalista um tema pertinente, num timing adequado, numa perspectiva interessante, e possuir contactos de key opinion leaders para falarem sobre o assunto em causa, isto é meio caminho andado para que seja publicado um relevante artigo para o leitor. Este trabalho positivo e profícuo irá certamente fortalecer no futuro a relação profissional entre ambas as partes. Quem sabe se na próxima vez não será o jornalista a contactar o RP a solicitar informação sobre a sua empresa?!!

domingo, 28 de agosto de 2005

Relações com os Media - Parte I

Como em todas as classes profissionais, também no jornalismo, existem bons e maus profissionais. Quer se goste ou não do jornalista x ou y, os consultores de comunicação têm de se relacionar, e bem, com todos, pois eles são determinantes para os resultados a apresentar.

Falando um pouco da minha experiência profissional, enquanto colaborador numa agência de comunicação, posso dizer que existem alguns jornalistas que possuem um grande preconceito em relação às agências e aos seus profissionais. Porque será? Enumero aqui algumas razões:
- Desconhecimento por parte dos consultores de comunicação das horas mais adequadas para contactar os jornalistas. Imaginem o quanto é aborrecido para um jornalista que está no final do dia a fechar um artigo para a edição do dia seguinte, receber um telefonema de uma agência para saber se ele irá estar presente numa conferência de imprensa daqui a 3 dias;

- Enviar um email para um jornalista com informação e ligar 10 minutos depois para saber se ele recebeu o documento e se vai fazer notícia;

- Abordagem publicitária ao telefone com o jornalista. Muitos consultores de comunicação parecem autênticos publicitários pela forma como “vendem” a informação. Para além de para eles, todos os assuntos que têm em mãos são sempre excelentes e devem ser sempre publicados;

- Postura passiva e desinformada nas conferências de imprensa. Muitos consultores de comunicação estão nos eventos mas não sabem por exemplo identificar os oradores e quais os principais temas ali abordados. Ou seja, são uma ajuda nula para o jornalista;

- Envio de informação de forma massificada para todos os meios de comunicação social. É muito importante analisar e adequar o tipo de informação a veicular ao target jornalístico. A informação não pode ser “vendida” para o Diário de Notícias da mesma forma que é “vendida” para a revista Maria.

Infelizmente todas estas situações acontecem cada vez mais. Na minha opinião uma das justificações para este cenário, é o facto das agências de comunicação, numa medida de redução de custos, estarem cheias de estagiários que vêm das faculdades sem a mínima noção de saber comunicar com os jornalistas e depois também não receberem esse tipo de formação nas agências.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Angariadores de Vips

Já ouviu falar alguma vez desta profissão/ocupação? Sabe o que fazem? E quem são estas pessoas?
Eu passo a explicar: são pessoas contratadas por empresas que têm como função colocar vips em festas e eventos de marcas e produtos, com o objectivo destes obterem o maior retorno mediático.

Um bom Angariador de Vips gaba-se pela sua extensa carteira de amigos. Ou melhor, eles consideram-se amigos de toda a gente, mas na verdade não passam de meros conhecidos, na maior parte das vezes. No entanto, isto não interessa nada, nem para os Angariadores nem para os outros, pois todos têm a ganhar! Os primeiros, pela recompensa monetária em função do serviço prestado, os outros pela visibilidade que obtêm nas revistas apelidadas de cor-de-rosa e pelas ofertas que recebem.

Existem dois tipos de Angariadores: os em regime de freelancer e os que estão ligados a empresas de comunicação ou de eventos. Os primeiros estão claramente em maioria. Isto prende-se com duas razões: conjuntural e pessoal. Por um lado, o mercado português é ainda muito pequeno. Muitas das vezes não justifica ter na empresa uma pessoa das 9h às 19h “especializada” nesta área, pois o volume de eventos e iniciativas é baixo. Ao nível pessoal, a justificação é simples: ganham mais! Trabalhando por projectos ou eventos, conseguem retirar maiores rendimentos do que se estiverem ligados a uma só empresa.

Normalmente, e falo por experiência própria, estes profissionais freelancers apresentam dois tipos de orçamentos: um preço por vip, e um valor por “pack de vips”. O processo negocial é simples. Os clientes (entenda-se as empresas) dos Angariadores de Vips explicam-lhes os objectivos e a natureza do evento, e consoante estas directrizes são definidos os vips preferenciais dos clientes. Personalidades com boa reputação, bonitas e conhecidas, são as características top dos pedidos. O resto, é trabalho dos Angariadores: conjugar os desejos dos clientes com a sua carteira de contactos!

Já os vips, algumas das vezes, em “época alta” de eventos, chegam a ir a dois ou três locais na mesma noite. Ora vejamos, às 21h iniciam o seu périplo noctívago no jantar de lançamento do novo modelo automóvel da Mercedes... às 23h já estão a assistir à apresentação do novo telemóvel da Siemens... e às 02h ainda chegam a tempo de abrilhantar a noite e pousar para umas fotos em mais um aniversário da Discoteca Kapital.

Conclusão: Angariador Reputado + Vips Mediáticos = Evento com Elevado Retorno Mediático = Cliente Satisfeito

domingo, 21 de agosto de 2005

Ofertas de Emprego

Apreciem estas ofertas de emprego muito recentes! São o sonho para qualquer pessoa formada em Relações Públicas. Uma profissão, sem dúvida, muito polivalente!


Centro Lúdico-Pedagógico, situado na Póvoa Sta Iria, pretende recrutar recepcionista / relações públicas. Horário 15:00-22:00 h. Entrada imediata. Enviar Cvitae com carta de apresentação e fotografia para cepovoa@hotmail.com.


RELAÇÕES PÚBLICAS (m/f) ( 18-08-2005 )
Anónimo
Descrição da empresa: Restaurante em Lisboa
Contacto e nº de referência: Envio de candidaturas para o email.
Observações: Em regime Part-Time


Já agora, alguém interessado?

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

As Relações Públicas e a Indústria Cinematográfica

Acabei de chegar a casa, depois de ir ver ao cinema o filme "Charlie e a Fábrica de Chocolate", de Tim Burton. Confesso que adorei o filme e toda a sua fantasia. Mas porque é que vos estou a falar disto aqui?
É simples: na minha opinião, este filme, pelo seu conteúdo, poderia ser trabalhado ao nível da comunicação e das relações públicas de forma muito interessante. Sem grandes investimentos, poderia-se criar uma expectativa sobre o filme junto dos jornalistas e consequentemente junto do público. São vários os pretextos comunicacionais que poderiam ser explorados.
Por outro lado, e se uma marca de chocolates se associasse ao filme? Não acham que seria interessante e benéfico para o produto associado e para o próprio filme? Não concordam que as relações públicas poderiam dar um forte impulso nos resultados desta parceria? Eu acredito que sim!
Penso que a indústria cinematográfica, que é um mercado muito apetecível, tem nesta área, ainda muito potencial para explorar. Digo isto, não tanto pelo que se faz nos E.U.A., onde já se investe bastante, mas mais pelo caso português, onde pouco ou nada se faz.
Por último, deixo uma questão: Será que para comunicar um novo filme é suficiente convidar umas figuras públicas para a ante-estreia, como acontece actualmente no nosso país, ou podemos ser mais imaginativos e ir mais além (como o Tim Burton nos seus filmes), e criar inovadoras acções de relações públicas?

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

A Era do Infortainment

Queira-se ou não, penso que todos concordam que estamos a viver a Era do Infortainment. Nascido nos Estados Unidos da América, como é normal nestas coisas, este conceito já chegou a Portugal e está para ficar.

Infortainment ou informação-espectáculo, já é uma realidade da maior parte dos nossos meios de comunicação social. Claro que há excepções, mas são muito poucas!

Cada vez mais, este tipo de informação vende. Jornal 24 Horas, revista Sábado e TVI, são alguns exemplos onde, de forma diferente, isso é visível. O critério editorial destes meios é o de informar e ao mesmo tempo o de entreter o seu público, tornando assim a informação num produto light. Tudo isto numa perspectiva de ganhar mais leitores ou espectadores à concorrência, para que consigam aumentar as suas receitas publicitárias.

Face a isto, as empresas de relações públicas e os seus profissionais se querem obter sucesso nas suas acções têm de seguir o mesmo caminho.

A era da simples conferência de imprensa para apresentar um produto ou serviço está ultrapassado (salvo raras excepções). Os jornalistas estão fartos do cenário “Portugal Sentado”, como eles normalmente apelidam este tipo de iniciativas.

As acções de relações públicas para obterem sucesso têm de ser cada vez mais “apimentadas”, quer na forma, quer no conteúdo. Por exemplo, hoje em dia, na área de consumo, um evento para lançar um novo telemóvel no mercado tem de contar impreterivelmente com figuras públicas. Já na área da saúde, conseguir uma reportagem na TV sobre as vantagens de um novo tratamento, implica conseguir encontrar um doente que se disponibilize a dar o seu testemunho pessoal.

Concorde-se ou não, são estes os critérios jornalísticos que vigoram na maioria dos meios de comunicação nacionais. Quanto a nós, profissionais de relações públicas, ou seguimos este caminho, ou é bem melhor que procuremos desde já outra profissão.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Um problema de terminologia

Tenho que vos confessar que sempre que me surge um questionário ou inquérito pessoal para preencher, nunca sei o que colocar no espaço em branco da profissão. Por vezes (na maioria), digo que sou Técnico de Comunicação, outras vezes, coloco Consultor de Comunicação (como neste blog), ou mesmo outro termo qualquer que me vem à cabeça no momento. Já repararam que não referi Relações Públicas. Não foi lapso, na verdade nunca mencionei que era Relações Públicas. Qual será a explicação?

É simples, uma questão de conotação do termo. Não é que eu tenha nada contra os ditos "Relações Públicas" das discotecas ou restaurantes, pois fazem o seu trabalho de encher as casas para as quais trabalham, mas não acho correcto que pessoas que só por serem vips ou pseudo-vips e terem uma cara engraçada, sejam nomeados dessa forma. O que sabem essas pessoas de comunicação? Na esmagadora maioria das vezes, absolutamente nada!

O mais grave é que esta situação tem repercussões muito maiores. Por exemplo, as faculdades mudam o nome dos seus cursos. Na minha fase académica, entrei com aspirações de me licenciar em Relações Públicas, e no final, saí com o canudo de Comunicação Empresarial. A justificação por parte do Conselho Directivo da Escola foi clara: ajudar os recém-licenciados a serem melhor percepcionados pelo mundo empresarial.

Para muitos esta divergência de terminologia pode ser uma questão secundária. Para mim, não é!

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

A queda da publicidade e a ascensão das relações públicas

Se ainda não leram este livro, não percam mais tempo! É uma excelente obra de Al Ries e da sua filha Laura Ries. Segundo os autores "Todos os êxitos de marketing recentes são êxitos de relações públicas, não são êxitos de publicidade"!

Eu não quero iniciar nenhuma guerra com os publicitários nem com os defensores acérrimos da publicidade, mas de facto, penso que se justifica cada vez menos os loucos investimentos que se fazem nesta área. Muitas das vezes, acho que as dispendiosas campanhas publicitárias, são mais uma questão de vaidade dos directores de marketing e dos gestores de produto do que outra coisa. Penso mesmo que é uma questão de afirmação profissional. Quem não tiver no seu curriculum várias campanhas publicitárias jamais será reconhecido pelos seus pares!

Voltando a Al e Laura Ries, referem estes que "A grande disciplina de 'marketing' para a criação de marcas é, hoje em dia, as relações públicas". Concordo a 100% com eles! Nada melhor do que as relações públicas para construir consistentemente uma marca capaz de triunfar na sua área de negócio, cada vez mais competitiva. Uma boa estratégia de comunicação (entenda-se relações públicas) é capaz de fazer passar subtilmente e eficazmente as mensagens pretendidas pelas marcas. No entanto é necessário tempo! Coisa que os responsáveis das marcas, pressionados pelos seus directores e pelo aumento das vendas que tardam em aparecer, muitas vezes não têm. Desta forma, pensam eles, é mais fácil jogar todos os trunfos numa mega campanha publicitária, onde num mês se gasta o dinheiro que daria para implementar durante uma ano uma eficaz estratégia de relações públicas!

Este é contudo, um cenário muito nosso, muito português. No entrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos, as relações públicas têm um papel importantíssimo nas empresas deste país. Quem será que está no caminho certo?!!

O início...

Olá!!
Resolvi criar este blog sobre Relações Públicas (RP) porque acho que esta área, tantas vezes esquecida e mal percepcionada, já merece!! Todos falam por exemplo sobre as vantagens da publicidade, os resultados (quase) milagrosos que esta disciplina proporciona às empresas, mas quando se aborda as relações públicas, ou não sabem ao certo o que é, ou têm uma imagem totalmente errada das suas potencialidades. São estes que ajudam que as RP sejam ainda percepcionadas por muitos como a área do croquete, do bolinho e da "carinha laroca".
Infelizmente, como em todas as áreas, também nas relações públicas existem bons e maus profissionais, acções de comunicação que resultam, e outras que nem por isso. Vou (tentar) andar atento a estas situações para que possamos todos reflectir um pouco sobre o que se anda a fazer por aí. Espero contar com os V. comentários regularmente para fazer deste blog um local útil e interessante para todos os que se interessam por esta área!!!