domingo, 21 de outubro de 2007

Remuneração das agências

Esta é uma questão sensível e transversal a todo o mercado da comunicação em Portugal. Quer os clientes como as agências não estão satisfeitos com o actual modelo, no entanto o carácter individualista do mercado e o ténue (ou mesmo inexistente) movimento associativo do sector, faz com que tudo se mantenha inalterado nos últimos anos.

Um ponto inicial é a não remuneração nos concursos lançados pelos clientes. Acredito que é dever das agências apresentarem boas ideias e propostas bem estruturadas para a empresa que os convidou a participar no dito concurso. Se não houver interesse da parte da agência (empresa / produto não muito apetecível; falta de recursos humanos na agência; timing desadequado, entre outros factores), esta deverá comunicá-lo de imediato. O new business é algo intrínseco à vida de uma agência que nunca deverá ser desperdiçado nem desvalorizado. São momentos muito importantes de contacto com potenciais clientes que deverão ser aproveitados na sua plenitude. No entanto, aos clientes são também exigidos profissionalismo e respeito, para que não se aproveitem dos concursos não remunerados para receber dezenas de ideias provenientes de diversas agências. Aliás, o elevado número de agências a concurso para um produto específico e o facto de conceitos e ideias apresentadas por agências que perderam os seus concursos, mas que depois assistem à sua implementação pelas empresas vencedoras são problemas graves e infelizmente ainda frequentes no nosso sector.

Embora não seja tarefa fácil, as agências de comunicação em conjunto com os clientes, e para uma melhoria de ambas as partes, terão de encontrar uma forma de remuneração pelo trabalho realizado. O velho modelo do cliente pagar pela estimativa de tempo gasto pela agência para desenvolver o seu trabalho está longe de ser o mais correcto e justo. Exige-se uma actualização do que é valorizado pelo cliente.

À semelhança de outras áreas, no sector das RP, o cliente não quer saber quanto tempo, das suas tradicionais 8 horas diárias de trabalho (nunca menos, sempre para cima), o seu consultor aloca à sua conta. Apenas pretende resultados. Contrata um serviço com o objectivo de lhe proporcionar um valor acrescido. Devem assim ser definidos, desde o primeiro momento, da relação cliente – agência, diversos graus de valor e a respectiva quantificação financeira (o real valor a pagar à agência pelo trabalho efectuado).

Um modelo moderno de remunerações, adaptado à actual conjuntura e dinâmica do mercado, tem de valorizar mais os resultados e o seu impacto na empresa e menos a carga horária dispendida para tal. Assumo mesmo que 70% do total da remuneração deveria ser flexível, de acordo com os resultados da agência provocados no cliente. Numa primeira análise o que poderá parecer uma ameaça à subsistência e viabilidade económica das agências transforma-se rapidamente numa oportunidade de estas afirmarem e comprovarem o impacto e o valor que o seu trabalho e as RP provocam no negócio dos seus clientes.

A discussão e implementação desta e outras medidas ajudariam a estimular um sector um pouco estagnado e com ideias demasiadamente vulgares. As entidades associativas devem também sair da sombra e assumir um papel activo na condução nestes processos que tão importantes são para o mercado das RP em Portugal. A todos solicita-se a implementação de um regime de “flexisegurança” para um sector com futuro.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Comunicação Integrada

É notório e são diversos os exemplos de políticas de comunicação desarticuladas. Falta de coerência entre as peças criadas, ausência de estratégia nas acções desenvolvidas ou desadequação do mix de comunicação face aos objectivos a atingir, são alguns dos principais problemas normalmente identificados.

Os actuais gestores de comunicação agem muitas das vezes por impulso, sem um fio coerente na implementação das acções do seu negócio. Imitam as ideias do seu concorrente directo; desenvolvem o conceito que viram no estrangeiro; executam o projecto que a empresa xpto foi lá apresentar; implementam a iniciativa considerando que encherá de orgulho o seu director-geral.

Realizando muitas ou poucas actividades, gastando muito ou pouco dinheiro, este comportamento é demasiado arriscado, colocando em risco a performance, ou em caso extremos, a sobrevivência do produto. O mercado, face às exigências actuais, tolera cada vez menos posturas e atitudes pouco profissionais.

É fundamental saber traçar um bom plano de comunicação global. Não basta alocar os seus recursos financeiros numa campanha de publicidade, para depois esperar serenamente para ver o que acontece. Nem tão-pouco destinar o seu budget apenas a publicidade. O presente obriga a concepção de um mix de comunicação diversificado e eficaz, tendo em conta os públicos e timings.

O consumidor de amanhã é mais exigente do que o de hoje e o de ontem. Está menos permeável às múltiplas abordagens de que é alvo durante o dia por parte de dezenas de produtos e serviços. Assim, disciplinas como as Relações Públicas, cuja correlação investimento versus resultados é muito positiva, tende a desenvolver-se e a ser aplicada cada vez em maior número.

É assim essencial que o estratega da comunicação saiba analisar o contexto empresarial onde está inserido, para que depois possa usar todos os instrumentos ao seu alcance de forma estratégica, criativa e efectiva. Fazer xeque-mate aos seus concorrentes depende claramente das pedras que utiliza e da forma como as coloca no tabuleiro do jogo.