segunda-feira, 29 de maio de 2006

O Signo da Mentira - Parte II

Não é querer dar mais importância a Manuel Maria Carrilho (MMC) do que ele tem, mas volto a abordar este assunto pois sinto que ainda estão alguns pontos por esclarecer e para que a mentira seja desmontada de uma vez por todas.

No passado programa da RTP “Prós e Contras”, dedicado ao conteúdo de, certamente, uma das melhores obras de literatura “light” portuguesa de 2006 - “Sob o Signo da Verdade”, MMC e Emídio Rangel (ER) tiveram direito a muito tempo (eu diria mesmo, demasiado tempo) de antena em horário nobre, como jamais imaginaram ter.

Em primeiro lugar, e começando pelo acompanhante, foi notório em ER a postura e o tom de critica permanente ao seu sucessor na SIC, Ricardo Costa (RC). Desde o “eu não o faria” ao “é completamente inadmissível essa situação”, tudo serviu para tentar fragilizar publicamente RC. É claro que, aos olhos de quem quer que seja, ER busca incessantemente algum protagonismo, pois o desemprego também atinge directores de informação, e ser colunista no jornal 24 Horas não dá para as despesas mensais.

Já MMC voltou a usar os seus clichés habituais:
- Campanha difamatória por parte dos meios de comunicação social;
- As agências de comunicação não deveriam existir;
- Existe um péssimo jornalismo em Portugal;
- O livro tenta restituir a verdade para que se melhore no futuro.

Ou seja, mais do mesmo. Nada de novo.

Os dois juntos, MMC e ER, tentam apoiar-se e acreditar em algo que só quem nunca teve um contacto com este “mundo”, pode acreditar nas suas teses.

Será que estes dois iluminados senhores, em planos diferentes, já pensaram, um, porque é que as pessoas votam cada vez menos? E outro, porque é que as pessoas lêem actualmente menos jornais do que liam há uns anos atrás? Será que a culpa da má imagem que os políticos têm em Portugal pertence às agências de comunicação? Não darão as agências de comunicação emprego a muitos jornalistas, recém formados ou não?

A ideia que ER e MMC têm tentado transmitir de que as agências de comunicação e os seus profissionais têm poder para mudar o Mundo é totalmente erróneo. Ridículo mesmo! Mas se tal fosse assim, acredito que vivêssemos num Mundo bem melhor, sem tanta corrupção nem disparate.

As agências de comunicação obviamente que só veiculam as mensagens que querem e que lhes interessam. Tal como os políticos que só defendem as ideias que lhes interessam, ou os jornalistas só escrevem sobre assuntos que consideram pertinentes. Já imaginaram algum dia o MMC elogiar o trabalho do PSD, por muito que fosse justo? O mesmo acontece com as agências de comunicação: só comunicam temas e produtos para os quais têm interesse. São empresas e por isso visam o lucro. Tal como os meios de comunicação social são empresas que procuram aumentar as vendas/audiências para se tornarem produtos mais valiosos e angariarem mais contratos publicitários. Para isto, adequado ao perfil de cada meio, os jornalistas produzem notícias apelativas para criarem impacto nos seus leitores/telespectadores.

Se é verdade, tal como referiu o jornal Expresso, que 70% das notícias publicadas na imprensa (número que francamente acho exagerado) são difundidas por agências de comunicação ou gabinetes de imprensa, penso que este seja um assunto que deverá ser tratado com muito cuidado e atenção. Face a este número, já imaginaram o que seria dos media nacionais sem agências de comunicação? Como conseguiriam eles fechar as suas edições e angariar a publicidade que conseguem? Não será que eles também lucram com o trabalho das agências de comunicação?

Com as redacções cada vez mais reduzidas de pessoas, as agências de comunicação são autênticas extensões dos meios de comunicação social. Os técnicos das agências elaboram conteúdos e simplificam o trabalho de muitos jornalistas, pois sabem quais as necessidades destes. Poupam-lhes assim muito tempo e trabalho. No entanto não quero que julguem que sou adepto do jornalista que apenas se limita ao copy/paste do press release. Penso que é benéfico para ambas as partes que um jornalista reflicta sobre um determinado tema proposto por uma agência de comunicação. Isso leva a uma maior criatividade ao nível dos ângulos de abordagem e dos próprios assuntos existentes nos meios, em que o leitor/espectador é sempre quem lucra mais.

No entanto são os jornalistas que decidem sempre, mas mesmo sempre, o que é publicado ou não. Às agências de comunicação cabe-lhes apenas oferecer temas e assuntos para abordarem. Os meios de comunicação social é que têm de saber separar o trigo do joio. Pois, obviamente, existem agências e técnicos de comunicação que prestam um mau serviço.

Por último, deixo aqui uma questão para reflectirem: Se as agências de comunicação são dispensáveis, porque é que nós contribuintes temos de pagar os elevados salários dos assessores de comunicação dos ministros do governo?

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Sob o Signo da Mentira ( A polémica das agências de comunicação)

Este não é o título do livro de Manuel Maria Carrilho (MMC) hoje apresentado, mas deveria ser, dadas as tremendas falsidades que ele contém. “Sob o signo da verdade”, nome real da obra literária, trouxe novamente MMC para o palco mediático. Tanto assim foi que até esteve presente hoje à noite no programa da RTP, Grande Entrevista, de Judite de Sousa.

MMC referiu na entrevista que o seu livro não é um trabalho de vitimização, nem de ressentimento porque ele não se queixa. No entanto, surge agora, 6 meses depois das eleições autárquicas, criticar tudo e todos, mas esquecendo-se de assumir os seus erros e a sua derrota. Fala como se fosse o senhor da verdade e o ser mais puro de entre todos os terrestres.

Em primeiro lugar, faz questão em apresentar-se, e hoje fê-lo mais uma vez, como professor catedrático e não como político. Apesar de presentemente ser político a 100%, pois é vereador na Câmara Municipal de Lisboa e deputado pelo PS na Assembleia da República. Não se assume como político, pois sabe certamente que é uma classe inundada pela corrupção e por isso com uma péssima imagem na opinião pública.

MMC afirmou que houve uma série de pessoas na comunicação social, de diferentes meios, que actuaram como uma matilha contra ele. Directores de jornais, editores, comentadores políticos, jornalistas, entre outros. Acusa-os de o terem perseguido e de terem orquestrado uma forte campanha tendo em vista denegrir a sua imagem. Onde está a liberdade de expressão para MMC? Não quererá ele inibir as opiniões dos comentadores ou os critérios jornalísticos dos editores? Será que MMC já se esqueceu que também ele já foi comentador num canal de televisão e autor de diversos artigos de opinião no Diário de Notícias, muitos deles extremamente corrosivos com certas personalidades? Será que é correcto depois de ver uma manchete no jornal Expresso que o atingia, ligar para o director do jornal a pedir satisfações, como ele próprio admitiu? Isto é que é ética?

Durante a entrevista de hoje a Judite de Sousa, MMC referiu que durante a campanha eleitoral chegaram a haver períodos de 24 horas em que não esteve acompanhado por nenhum meio de comunicação social. A TSF e a Agência Lusa já o desmentiram.

Um dos momentos mais “quentes” do livro do ex-candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa é o capítulo das agências de comunicação, onde afirma que foi abordado por Cunha Vaz (CV), director de uma empresa de comunicação. MMC referiu que CV lhe propôs recolher fundos “ilícitos” e “comprar opinião”. O deputado do PS conta ainda que CV lhe afiançou, “com um ar de espertalhão”, que “tudo se compra” e que tem “seis jornais na mão”– isto, perante a “incomodidade” do candidato socialista face a tais propósitos. MMC acusou-o mesmo de ser “mercenário”.

MMC afirma que recusou obviamente os serviços de CV, questionando o papel das agências de comunicação. Diz que não sabe o que fazem, e que não deveria haver intermediários entre os jornalistas e a população. Então e agora pergunto eu: O Edson Athayde foi contratado por MMC com que finalidade? Não terá sido para lhe dar conselhos como o do tão mediático, quanto triste, vídeo familiar?

O marketing político é uma disciplina há muito utilizada por exemplo nos E.U.A. Mas em Portugal também já vem sendo utilizada com alguma regularidade. Mário Soares, José Sócrates e Cavaco Silva são alguns exemplos disto mesmo.

Outro ponto interessante do livro é o relato que o autor faz do incidente do aperto de mão (ou da falta dele) no final do debate com Carmona Rodrigues (CR) na SIC Notícias. “Não pensei que estivesse a ser filmado, para gáudio de um espectáculo vergonhoso que a SIC Notícias fez. Um amigo disse-me que isso era o que fazia a polícia política dos países de Leste: filmarem cenas privadas [de um cidadão] e usarem-nas para depois o humilharem", declarou MMC.

O deputado socialista esquece-se que aquele momento, no final do debate, onde houve uma troca de palavras mais azedas entre os dois candidatos e a recusa de um aperto de mão é notícia. Em qualquer parte do mundo! O argumento de não saber que estavam a filmar não justifica tal acto. Tal como referiu Judite de Sousa, essas reportagens no final dos debates são normais em todos os canais, incluindo a RTP, que fez o mesmo nos seus debates das autárquicas. Infelizmente, para MMC, aquele momento marcou negativamente o debate e toda a campanha.

Tal facto é notícia, como foi o esquecimento de CR, em plena campanha eleitoral, do nome da Fonte Luminosa. A TSF fez questão de passar novamente esse registo radiofónico esta noite. Talvez aqui, como não houve nenhuma televisão a captar o momento, o impacto foi mais reduzido. Mas por exemplo, quem não se lembra ainda, e passado tantos anos, daquele episódio do Engº Guterres, quando era primeiro-ministro, a tentar fazer um cálculo matemático mental, que não conseguiu, acabando por dizer “É uma questão de se fazer as contas”.

É incontornável, MMC não soube gerir a imagem e prejudicou-se por diversas vezes. Colocar as culpas dos seus insucessos nos outros é muito deselegante, e acima de tudo injusto. Os comentários que tece às agências de comunicação e nomeadamente a CV são muito graves e merecem uma resposta adequada de quem de direito. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Até lá, aconselho MMC a comprar um manual sobre Relações Públicas para ficar a saber mais sobre esta importante área.

terça-feira, 9 de maio de 2006

Optimizar as relações com jornalistas

Para muitos falar com a comunicação social é mais complicado, assustador mesmo para alguns, do que com a comunicação feita em reuniões ou conferências com vastas audiências. Ter à sua frente uma pessoa que pode usar expressões ou comentários fora do contexto ou mesmo evidenciando mais do era pretendido, pode trazer problemas. Por isso, para muitas pessoas, a comunicação com jornalistas é um autêntico drama, que só poderá ser atenuado caso seja feita uma cuidadosa preparação.

Para melhorar a performance destes momentos, a maior parte das agências de comunicação em Portugal disponibilizam já aos seus clientes serviços de media training. Estas formações, dadas normalmente por jornalistas ou ex-jornalistas, ajudam a perceber como funcionam os meios de comunicação social (critérios jornalísticos, timings, perfis, etc) e, com a instrução de algumas dicas e truques, como superar uma entrevista num contexto adverso para o entrevistado.

Dado o objectivo dos jornalistas ser o de gerar notícias, é fundamental preparar qualquer conversa, telefonema e email que se transmita a um ou mais jornalistas. É igualmente importante o entrevistado dominar todos os assuntos que possam ser abordados durante a entrevista. Caso o jornalista detecte alguma lacuna de informação ou exista uma declaração contraditória, o profissional poderá insistir nesse ponto concreto pondo assim em apuros o entrevistado. Em caso algum se deve recorrer ao uso da mentira. Esta só agravará a situação, e poderá ter repercussões extremamente negativas.

Outro ponto importante é o tipo de informação que deve ser transmitido ao jornalista. Devemos ter consciência que estes profissionais são normalmente pessoas muito ocupadas com inúmeras tarefas por cumprir, não havendo normalmente tempo para conversas ou informações pouco relevantes. Desta forma, aconselha-se um carácter sério e coerente ao discurso utilizado com a comunicação social, principalmente em conferências de imprensa. Nestes momentos, dado o imediatismo da comunicação, exige-se um discurso ainda mais fluído (numa postura de naturalidade e espontaneidade) e uma construção argumentativa capaz de manter o constante interesse dos jornalistas ao longo de toda a acção.

Igualmente importante é o orador perceber para quem está a falar, para que adapte a mensagem ao tipo de suporte. Prestar declarações a uma rádio é diferente de ser entrevistado para um canal televisivo ou para um jornal diário. É fundamental fazer esta leitura de forma correcta, para que se explore as potencialidades de cada meio e se retire as mais valias inerentes.

Uma nota final para o fracasso da apresentação da 11ª edição dos Globos de Ouro da SIC que decorreu no passado dia 2 de Maio no Campo Pequeno, em Lisboa. Segundo o jornal Público foram poucos os jornalistas que compareceram para ouvir Francisco Penim e Luísa Jardim falar sobre os nomeados da gala que este ano verá o Herman José ser substituído pela Bárbara Guimarães. Numa altura em que as redacções portuguesas estão cada vez mais desabitadas de jornalistas, e a SIC sabe-o melhor do que ninguém, eventos como este, onde a escassez informativa é notória, eram bem evitáveis.