domingo, 28 de dezembro de 2008

A visão deturpada de Eduardo Cintra Torres



Pelo que sei apenas Rodrigo Saraiva do PiaR abordou este assunto aqui e aqui e Domingas Carvalhosa do Primeira Página aqui (Corrijam-me se estiver errado). Considero que perante tantas barbaridades, erros e deturpações, as reacções do sector deveriam ter sido em maior número. Não compreendo por exemplo como é que a APECOM não reagiu formalmente a este artigo de ECT que mancha por completo a credibilidade das agências de comunicação com críticas falsas e gratuitas. Todos sabemos que este senhor gosta de falar mais do que realmente sabe, escudando-se na suposta frontalidade e verdade que tanto apregoa. No entanto, e já dizem os bons manuais de comunicação, a demagogia deve ser combatida desde o início com a verdade e apenas a verdade.

Vamos então proceder à análise do assunto:

1) ECT refere que apenas se estava a referir a algumas agências e não a todas. Se conhece tão bem o mercado e é tão frontal, porque é que não concretiza, referindo quais são as “boas e as más agências de comunicação”? Seria sério da minha parte afirmar que alguns, e note-se referi apenas alguns, colunistas escrevem em função dos seus interesses e ambições pessoais?


2) “Inundados de informações e, se necessário, de rumores e insinuações, os jornalistas ficam apenas com um lado da questão”
Isto só acontece se forem maus jornalistas. Todos os profissionais sérios devem investigar e procurar escutar todos os intervenientes da notícia. Os jornalistas não são marionetes. Por outro lado, se não fossem as agências de comunicação e todos os meios que disponibilizam aos jornalistas, alguns media, certamente, já teriam encerrado.


3) ”…tudo isto é lobbying, claro, um nome lindo para uma actividade que tantas vezes pode ser suja”.

Lá está, ECT tem o cuidado de referir que nem sempre é suja, apenas “que tantas vezes pode ser”. O lobby é um processo transparente e legal, e já instituído na União Europeia e nos EUA, por exemplo. Ao contrário do que muitos julgam, o lobby pretende evitar o habitual tráfico de influência encapotado.


4) “Entretanto, nas agências de propaganda, arrecadam-se lucros por vezes fabulosos e teoriza-se sobre a sua “científica” actividade das “relações públicas”.

Lucros fabulosos??!! Fico a aguardar os valores e os nomes das respectivas agências. Sobre o carácter científico das RP posso referir-lhe diversos bons livros. Uma coisa é certa, a prática das RP é bem mais científica do que a do “colunista semanal”.


5) ”Não tendo a oposição ou outras partes envolvidas nas notícias acesso aos mesmos orçamentos de propaganda para pagar a agências de comunicação concorrentes,… cria um desequilíbrio”

Permitam-me o paralelismo com a publicidade, mas se uma entidade não tiver dinheiro para pagar a uma agência de publicidade para criar um anúncio e a uma agência de meios para o colocar nos media, também existirá um desequilíbrio… Não me parece séria a afirmação do ECT, até porque os media estão ao alcance de qualquer empresa ou cidadão. Qualquer um de nós pode ligar para uma redacção e denunciar uma situação que considere ser pertinente.


Não me querendo alongar neste post que já vai longo, foquei apenas cinco pontos do artigo de ECT, mas muitos outros poderiam ser referidos. É de facto lamentável que cada vez mais os nossos colunistas se rendam e orientem as suas posições segundo critérios mediáticos, independentemente de fugirem à verdade e deturparem a realidade.

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