sábado, 13 de dezembro de 2008

A mediatização da Medicina


Li recentemente, num jornal da especialidade, um profissional de saúde a criticar a falta de rigor científico e as ambiguidades com que muitas vezes as questões de Saúde são tratadas nos meios de comunicação social. Algo que já não é novo mas que merece uma reflexão pelo interesse que este tema desperta na população.

O médico referia ainda que, «actualmente muitos doentes chegam ao consultório com um autodiagnóstico baseado em textos, nem sempre de boa qualidade, que retiram da internet e com base em factos de que ouvem relatar. Tal situação provoca um aumento da ansiedade dos doentes, solicitando análises e exames semanalmente e prescrições de um outro medicamento, de acordo com os dados errados aos quais tiveram acesso».

Quem serão os principais responsáveis por este processo informativo menos claro?

Na minha opinião a responsabilidade terá de ser repartida por um conjunto de intervenientes:

1) Especialistas médicos
A esmagadora maioria não está preparada para falar com os meios de comunicação social. Não sabem ser sintéticos no seu discurso. Não utilizam uma linguagem simples e perceptível em função do meio. Não conhecem as especificidades dos media (ex: timings).

2) Jornalistas
Não têm formação na área da Comunicação em Saúde. São alvo de grande rotatividade. Desconhecem as especificidades do sector. Os meios de comunicação social não possuem editorias específicas de Saúde, sendo esta área integrada na editoria de Sociedade, onde se abordam variadíssimos temas.

3) Agentes que promovem as notícias
A Indústria Farmacêutica pretende por vezes dar eco na opinião pública a assuntos que não constituem notícias. Cabe ao consultor de comunicação ser imaginativo e sugerir abordagens diferenciadoras para promover o tema dentro dos parâmetros da ética e transparência exigidas.

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