A detenção e a prisão preventiva de José Sócrates revelou
que a Justiça tem de comunicar mais e melhor. Não informar abre espaço a
falsidades e especulações que nada beneficiam a imagem do sistema judicial.
Quer queiramos quer não, o caso do ex-primeiro ministro é diferente
de todos os outros. As razões são óbvias. Sendo um processo tão peculiar a
Justiça deveria ter atuado de forma diferente, alterando os seus processos
comunicacionais – se é que se podem chamar assim – já muito ultrapassados,
nomeadamente em casos ultra mediáticos como o atual.
Muitos criticaram a “justiça-espetáculo” dos últimos dias. Era
difícil ser diferente em termos de aparato, mobilização de meios ou diretos
televisivos, por exemplo. O protagonista, a natureza inédita do processo e a
sequência de casos e escândalos nas últimas semanas são ingredientes mais do
que suficientes para atrair magotes de jornalistas para a porta de um tribunal,
tal como aconteceu de forma quase ininterrupta durante 72 horas. Não existirá certamente
nenhum génio que conseguisse minimizar esta presença massiva de jornalistas portugueses
e estrangeiros no local.
Agora o que poderia ter sido diferente era a gestão da
comunicação que foi feita ao longo dos três dias. O silêncio das entidades
competentes e a natural pressão de produzir notícias possibilitou a veiculação –
em grande parte de jornalistas jovens e inexperientes em matérias de justiça - de
informação pouco rigorosa que em nada contribuiu para o esclarecimento público.
Deveriam por isso ter sido adotados proactivamente alguns procedimentos para evitar
o perturbador vazio comunicacional criado pelo Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa. Faltou
claramente liderança comunicacional em todo o processo. Perdeu-se assim uma
excelente oportunidade para explicar e aproximar a Justiça dos portugueses.
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