Nos últimos dias têm-se levantado algumas vozes contra a
forma como a seleção nacional de futebol tem preparado o Europeu 2012 e o “circo”
em redor da mesma. Manuel José, treinador que tem estado nos último anos no Egito,
referiu que “a fase do estágio que decorreu em Portugal foi uma festa e que a
seleção se transformou num bigbrother”. Já hoje Carlos Queiroz, ex-selecionador
nacional, refere aqui que “não me surpreende que as declarações do Manuel José
possam ter fundamento porque eu próprio me confrontei com uma tentativa, muitas
vezes absurda e até ridícula, de transformar a seleção num circo. Por exemplo,
uma das iniciativas que me foi proposta antes do mundial era a de eu escolher
22 jogadores e o 23º jogador é escolhido pelo povo, e fazemos aqui uma festa
gira, jeitosa, pomos a malta toda a votar”.
De facto é verdade que nos últimos tempos temos vindo a
assistir a uma exagerada intrusão das marcas no desporto, principalmente no
futebol, por razões lógicas. Bem sei que sem patrocinadores e patrocínios
muitos clubes e competições não teriam forma de continuar. O grande desafio no
futuro para ambas as partes – desporto e marcas – será implementar ações de
marketing e comunicação relevantes para o público, de forma a potenciar a
imagem dos patrocinadores mas sem nunca colidir com os interesses desportivos.
Caso contrário arriscamo-nos que os espetadores e adeptos “fujam” dos palcos
desportivos pois o essencial deixou de ser a competição para serem as marcas e
as suas ações promocionais.