Sem grande surpresa Cavaco Silva foi reconduzido no cargo de Presidente da República. Sem grande surpresa a abstenção e os votos em branco registaram valores históricos. Sem grande surpresa os políticos perderam mais uma oportunidade de melhorar publicamente a má imagem que a classe possui.
O populismo reinou durante toda a campanha. Nenhum dos candidatos a Belém procurou ir mais longe, deixando-se ir simplesmente pelo caminho mais fácil, mas que não leva Portugal a lado nenhum. Os telejornais de prime time encheram-se de políticos e dos tradicionais cegos seguidores num miserável teatro televisivo.
Enganem-se os que pensam que as tradicionais arruadas, ou mesmo as redes sociais, são suficientes para aproximar os portugueses dos políticos e da política. A alteração terá de ser mais profunda. O actual paradigma de fazer política em Portugal está esgotado. O seu conteúdo já não seduz nem mobiliza ninguém. Antes pelo contrário, apenas cava um fosso cada vez maior entre os portugueses e os que lideram os destinos do país.
É tempo de fazer um reset às máquinas partidárias, inundadas de gente cheia de vícios que, na maioria das situações, apenas actua em benefício próprio. Enquanto não existir um compromisso sério para mudar e pensar efectivamente nos portugueses, tudo o que se execute será insuficiente para envolver as pessoas e promover a livre discussão de ideias. O problema maior é que já não nos resta muito tempo.
2 comentários:
Como por exemplo, o orçamento de estado para 2011 foi a pensar nos mercados em vez de pensar nos portugueses. Que é para isso que se faz o orçamento para nós, os portugueses. Para mim o que o governo disse foi "estou-me a cagar para o povo e o que interessa é agradar os mercados" e o efeito que está a surtir é muito positivo (ironia)
Concordo plenamente. Não votei em branco, mas achei muito mal campanhas políticas serem feitas a fazer queixinhas uns dos outros. A mensagem que os portugueses passaram foi bem clara, resta saber se eles a entenderam...
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