A Agência Lusa arrancou na passada 6ªfeira com um novo e, para mim, controverso serviço: distribuição de press releases. Esta nova ferramenta de comunicação está disponível a todo o tipo de empresas, entre as quais, agências de comunicação, ministérios, banca, clientes institucionais, etc.
Na prática, isto significa que os clientes que activarem este serviço, terão acesso à base de dados da Lusa, que como é sabido, tem uma enorme penetração ao nível da imprensa nacional, regional e local. O envio dos press releases será feito pelos próprios clientes através do portal da Lusa. Independentemente deste novo canal de comunicação, as empresas poderão continuar a enviar as suas informações para a redacção.
Isto na minha óptica levanta uma questão: a comercialização deste serviço por parte da Lusa não será incompatível com as, até aqui, habituais competências levadas a cabo, com total rigor e independência, enquanto maior agência noticiosa portuguesa? Eu penso que sim.
A meu ver, a Lusa ao ceder a sua base de dados a todo o tipo de empresas é conivente com informações pouco ou nada rigorosas enviadas pelas mesmas. Mais do que um canal de informação, a prestação deste serviço, se não tiver associado a critérios como a qualidade e pertinência da informação, pode-se transformar num canal de “infolixo”. Já viram o que será para um jornalista do Notícias de Guimarães ou do Jornal Barlavento receber em escassas horas informações sobre “X-Knives - as facas mais afiadas do mundo”, ou “Chegou ao mercado Babyliss, o primeiro secador de cabelos em tamanho pocket”. Certamente que a tecla do computador “Delete” ficará, por razões óbvias, muito mais sumida nos próximos tempos.
Na prática, isto significa que os clientes que activarem este serviço, terão acesso à base de dados da Lusa, que como é sabido, tem uma enorme penetração ao nível da imprensa nacional, regional e local. O envio dos press releases será feito pelos próprios clientes através do portal da Lusa. Independentemente deste novo canal de comunicação, as empresas poderão continuar a enviar as suas informações para a redacção.
Isto na minha óptica levanta uma questão: a comercialização deste serviço por parte da Lusa não será incompatível com as, até aqui, habituais competências levadas a cabo, com total rigor e independência, enquanto maior agência noticiosa portuguesa? Eu penso que sim.
A meu ver, a Lusa ao ceder a sua base de dados a todo o tipo de empresas é conivente com informações pouco ou nada rigorosas enviadas pelas mesmas. Mais do que um canal de informação, a prestação deste serviço, se não tiver associado a critérios como a qualidade e pertinência da informação, pode-se transformar num canal de “infolixo”. Já viram o que será para um jornalista do Notícias de Guimarães ou do Jornal Barlavento receber em escassas horas informações sobre “X-Knives - as facas mais afiadas do mundo”, ou “Chegou ao mercado Babyliss, o primeiro secador de cabelos em tamanho pocket”. Certamente que a tecla do computador “Delete” ficará, por razões óbvias, muito mais sumida nos próximos tempos.
5 comentários:
Eu não percebi muito bem a coisa mas pelo que percebi é que a informação dos press realese tornou-se mais disponível para todos os media. Isso não é bom?
Não é bom pois este importante canal de comunicação será certamente utilizado para enviar informações comerciais. Teremos duas Lusas: uma cuja informação é tratada de forma jornalística com rigor e independência, e uma outra, onde são usados os meios de divulgação da agência noticiosa (e o seu nome), sendo que os conteúdos não são validados por esta. Isto fará com que de futuro os meios de comunicação social, "clientes" da Lusa, recebam informações pouco credíveis e rigorosas. Isto é "infolixo".
Renato Póvoas
Queria só dizer que AMEI o nome deste blog!!! Muito bom! ;)
Imaginando que a colocacao de press releases é feita por categorias/assuntos e/ou temas esse problema poderia ser controlado, ou pelo menos diminuir a sua tendencia, nao?
Pois uma vantagem é que esse mesmo jornalista lá do do Notícias de Guimarães.. poderia pesquisar toda uma imensa base de dados para completar a ultima tiragem do jornal ou até criar novas colunas no mesmo, nao concorda?
Penso que aqui a questão tem mais alguma profundidade do que a beleza de um mundo onde a informação chega a todos. A verdade é que a informação de uma qualquer empresa pode sempre "chegar a todos". E é neste campo que a Lusa, na maioria das vezes, tem funcionado como um verdadeiro gatekeeper, fornecendo a jornalistas por todo o país uma ferramenta de selecção rigorosa de jornalismo de interesse - criando para o jornalista/cliente uma base de temas interessantes, com real impacto na vida nacional, nas mais variadas áreas.
Por muito que gostássemos que assim não fosse, ou que queiramos fechar os olhos, a verdade é que esta prática de rigor informativo tem vindo a estar cada vez menos presente nos media portugueses, que cada vez mais se regem por regras comerciais que em muito obrigam a mudar políticas editoriais. Parece-me que o fulcral da questão, para a qual o criador deste blog chama a atenção, é o facto de passar a ser muito mais complicado para o jornalista diferenciar a informação que provém da Lusa: será informação de interesse ou informação por interesse?
Um abraço!
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