segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Comunicação de Passos Coelho



Nos últimos dias muito se tem falado e escrito sobre a comunicação do Governo, nomeadamente à forma como foram anunciadas as últimas medidas de austeridade.
 
É consensual que foram vários os erros cometidos: conteúdo, timing da comunicação, programa social após o anúncio das medidas, mensagem no Facebook, demora nos esclarecimentos aos portugueses (entrevista RTP), etc. Mas, o que deveria ter feito Passos Coelho, ou melhor, quais os conselhos e instruções deveriam ter dado os seus assessores e conselheiros?
 
Na minha opinião não é de agora que a coligação PSD/CDS-PP tem falhado ao nível da comunicação. Os portugueses estavam conscientes que o atual elenco governativo tinha uma missão extremamente difícil quando tomou posse, devido à pesada herança deixada por Sócrates como pelo exigente cumprimento das medidas da troika para não comprometer a ajuda financeira indispensável. Por isso a esmagadora maioria dos portugueses estava sensibilizado e até disposto a fazer alguns sacrifícios pela recuperação do país, mesmo que isso implicasse uma menor qualidade de vida durante algum tempo. Então o que tem falhado? O que eu antecipei aqui a 24 de junho de 2011.
 
O atual Governo não tem comunicado com clareza nem objetividade. Analisem o discurso de Pedro Passos Coelho no passado dia 7. Onde está a honestidade do primeiro-ministro quando pede pesados sacrifícios aos portugueses se o Governo não corta as suas “gorduras”, como é exemplo as frequentes notícias que surgem nos media sobre carros luxuosos, equipas numerosas ou salários exorbitantes? Se isto de facto não corresponde à realidade, desmintam claramente, e processem se for necessário, o órgão de comunicação social em causa. Por outro lado, e não é necessário ser muito iluminado, por que não construir um website que demonstre todos os cortes que o Estado fez ao nível da sua despesa. Eu não sei, você certamente também não sabe e os portugueses, pelas manifestações de sábado, claramente também não sabem.
 
Um dos principais motivo de revolta das pessoas é o facto de sentirem que o Governo não está a fazer os sacrifícios que elas estão a fazer nas suas vidas. Por isso não acreditam que o seu esforço irá valer a pena, desconfiando que daqui a alguns meses, ou talvez semanas, serão impostas novas medidas de austeridade. Claramente não existe sintonia entre o Governo e os portugueses. A legitimidade para pedir sacrifícios perdeu-se de vez nos últimos dias. Tal como na vida profissional, as pessoas necessitam de ter objetivos e metas concretas para estarem verdadeiramente envolvidas com as decisões tomadas superiormente. Infelizmente, para todos nós, o Governo ainda não percebeu isso.   


Sem comentários: