Moderação. Foi assim que decorreu o debate em torno do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Os portugueses escolheram «sim». Terão sido os argumentos decisivos? Ou terá sido uma inevitabilidade dos tempos modernos?
Foi notória a estratégia dos defensores do «sim» neste referendo de 2007. Abandonaram os velhos slogans feministas e o discurso no direito da mulher de dispor do seu próprio corpo. Em 1998 Francisco Louçã, na altura membro do PSR, defendia o «direito à sexualidade». A frase «Na minha barriga mando eu» ficou também na memória de muitos portugueses.
A mudança da expressão «por decisão da mulher» pela «por opção da mulher» parece algo inocente e até casual mas é capaz de ter conquistado muitos homens a optar pelo «sim». Evita-se assim usar o antiquado argumento feminista de que é a mulher que tem de decidir porque o corpo lhe pertence.
Já os movimentos que se bateram em 1998 pelo «não» à IVG deixaram, no presente referendo, cair pedidos como o de verem na prisão as mulheres que praticam abortos. Ou até mesmo as comparações do aborto com o Holocausto foram eliminadas dos seus materiais de propaganda. No entanto, foi ainda possível assistir desta vez a folhetos com as lágrimas da Virgem Maria.
Em termos globais da campanha, a moderação nos argumentos foi o tom dos principais discursos. Segundo os politólogos, a moderação proporciona votos, enquanto que o exagero nos argumentos provoca revolta e saturação nas pessoas, que por sua vez se transforma em abstenção.
O «não» por exemplo adaptou as suas mensagens à realidade da actualidade portuguesa. Dado os tempos difíceis que todos atravessamos, foi repetida, vezes sem conta, a ideia de que os impostos dos portugueses serão aplicados no pagamento dos custos associados à IVG. As extensas listas de espera, o oportunismo das clínicas privadas ou até mesmo a baixa natalidade foram outros argumentos utilizados pelos seus responsáveis. O «sim» por sua vez concentrou-se em mostrar o recuo dos seus opositores na questão do perdão legal das mulheres que abortam.
Mas não só de argumentos se faz uma campanha, a imagem é essencial. Assim, foi evidente o enfoque em pessoas mais moderadas para darem a cara pelo «sim». Abdicou-se de figuras extremistas e conflituosas. Optou-se por médicos, artistas e cientistas. Já o «não», numa clara estratégia de chegar aos mais novos, foi comum ouvir-se temas de hip hop nos seus tempos de antena.
Foi notória a estratégia dos defensores do «sim» neste referendo de 2007. Abandonaram os velhos slogans feministas e o discurso no direito da mulher de dispor do seu próprio corpo. Em 1998 Francisco Louçã, na altura membro do PSR, defendia o «direito à sexualidade». A frase «Na minha barriga mando eu» ficou também na memória de muitos portugueses.
A mudança da expressão «por decisão da mulher» pela «por opção da mulher» parece algo inocente e até casual mas é capaz de ter conquistado muitos homens a optar pelo «sim». Evita-se assim usar o antiquado argumento feminista de que é a mulher que tem de decidir porque o corpo lhe pertence.
Já os movimentos que se bateram em 1998 pelo «não» à IVG deixaram, no presente referendo, cair pedidos como o de verem na prisão as mulheres que praticam abortos. Ou até mesmo as comparações do aborto com o Holocausto foram eliminadas dos seus materiais de propaganda. No entanto, foi ainda possível assistir desta vez a folhetos com as lágrimas da Virgem Maria.
Em termos globais da campanha, a moderação nos argumentos foi o tom dos principais discursos. Segundo os politólogos, a moderação proporciona votos, enquanto que o exagero nos argumentos provoca revolta e saturação nas pessoas, que por sua vez se transforma em abstenção.
O «não» por exemplo adaptou as suas mensagens à realidade da actualidade portuguesa. Dado os tempos difíceis que todos atravessamos, foi repetida, vezes sem conta, a ideia de que os impostos dos portugueses serão aplicados no pagamento dos custos associados à IVG. As extensas listas de espera, o oportunismo das clínicas privadas ou até mesmo a baixa natalidade foram outros argumentos utilizados pelos seus responsáveis. O «sim» por sua vez concentrou-se em mostrar o recuo dos seus opositores na questão do perdão legal das mulheres que abortam.
Mas não só de argumentos se faz uma campanha, a imagem é essencial. Assim, foi evidente o enfoque em pessoas mais moderadas para darem a cara pelo «sim». Abdicou-se de figuras extremistas e conflituosas. Optou-se por médicos, artistas e cientistas. Já o «não», numa clara estratégia de chegar aos mais novos, foi comum ouvir-se temas de hip hop nos seus tempos de antena.
Avanços, recuos e mudanças de direcção são estratégias habituais em jogos desta natureza. Muitos dados são lançados para a opinião pública. Infelizmente nem todos são claros ou mesmo verdadeiros. Cabe a todos nós escutar, decifrar, analisar e escolher. Os portugueses desta vez optaram pelo «sim». Os seus defensores estão de parabéns!
1 comentário:
Acho que também o interessante verificar nestas eleições foi o facto de a abstenção continuar em maioria absoluta, possivelmente um tema de não muito interesse/importância para os portugueses.
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