quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Métricas

Contaram-me no outro dia que as audiências de televisão em Portugal eram medidas através de mil audímetros. Confesso que fiquei um pouco surpreendido pelo número tão escasso de aparelhos.

Segundo dados que recolhi referentes a 2003, a Alemanha surge à frente no número de audímetros, com 5640. Seguem-se EUA, 5094; Reino Unido, 4500 e Espanha, 3105. Manifestamente insatisfatório.

O número reduzido de audímetros é uma das principais fragilidades na mensuração das audiências. Isto para já não falar nos critérios de atribuição dos aparelhos ou na veracidade dos resultados apurados. Quem tem um audímetro em casa tem de cumprir certas e determinadas rotinas para que não haja um enviesamento nos dados. Umas vezes por desleixo, outras por esquecimento, o que é certo é que este tipo de métrica não é o mais ajustado, pelo número e pelo formato.

Numa época em que os canais digladiam-se ferozmente pelos melhores resultados em termos de audiência, utilizando apuradas técnicas de contraprogramação, onde os anunciantes (ainda) investem milhões em anúncios cujo retorno é imprevisível, penso que está na hora de haver maior profissionalismo, rigor e transparência na medição das audiências. Caso contrário continuar-se-á a apostar com base nos feelings de cada um.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cristo Samsung


Foi publicado ontem no jornal Público uma carta de um leitor que se insurge contra a publicidade da marca Samsung presente no Cristo Rei (ver imagem). Segundo o mesmo "A responsabilidade social das empresas, tão em moda, passa também pela responsabilidade das marcas ao querer gerar notoriedade por associações a eventos e símbolos que gerem emoção nos consumidores. Mas atenção para que esta notoriedade não seja controversa nem nociva para a Samsung, e esta provavelmente é." O mesmo conclui: "por mim, só sei que nunca irei comprar televisores e outros produtos da Samsung".
Este é um importante alerta para as empresas que usam e abusam de patrocínios e associações indevidas. Estes (elevados) investimentos devem ser avaliados devidamente antes de serem realizados. Quais os prós e os contras de tal acção? Será que a marca em causa analisou previamente os factores culturais da população portuguesa? Os conceitos e as ideias não podem ser transportadas de país para país sem uma primeira análise situacional. Existem um conjunto de especificidades que têm de ser tidas em conta se não quisermos colocar em causa a identidade das nossas marcas que, na maior parte das vezes, tanto tempo demorou a construir.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Marketing Autárquico - Parte II



As autarquias necessitam de ser mais competitivas, dinâmicas, inovadoras e criativas. Só assim se conseguirão diferenciar e obter uma sustentabilidade económica consolidada. Terão de implementar e promover as suas actividades, envolvendo todos os seus targets, desde as suas populações à comunicação social. Todas as autarquias, pequenas ou grandes, possuem vantagens competitivas e elementos diferenciadores, basta identificá-los e rentabilizá-los.

Cada autarquia terá de ser trabalhada como uma marca, potenciá-la ao máximo, no sentido de incrementar a sua notoriedade e reputação, gerando assim valor público. Esta mudança tornará as instituições mais comerciais mas com outra “folga” financeira que permitirá desenvolver projectos de elevado interesse para os cidadãos. O sector privado é um importante player nesta estratégia que terá de ser estimulado e alimentado. Este é um bom exemplo de uma iniciativa win-win para os diversos parceiros envolvidos, mas ao que parece até agora mal fundamentada ou explicada.

Por fim, deixo-lhe aqui as principais fases para a implementação de um Plano Estratégico de Marketing Autárquico (PEMA) consistente:

1- Diagnóstico do local
2 – Análise SWOT
3 – Definição de objectivos
4 – Elaboração da estratégia
5 – Plano de acção e respectiva implementação
6 – Avaliação

Trata-se de uma mudança de mentalidades e um desafio para todos mas que certamente irá valer a pena!


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Marketing Autárquico - Parte I



Embora muitos dos nossos autarcas se recusem a admitir que esta expressão faz parte do seu léxico, pela sua suposta conotação negativa, existem já alguns que percepcionam as mais-valias da implementação de um coerente Plano Estratégico de Marketing Autárquico (PEMA). Mas ainda existe muito a fazer…

Hoje em dia todas as autarquias, sem excepção, vivem sérias dificuldades financeiras. Seja pelos cortes orçamentais do Governo Central, ou pelo desinvestimento privado ou até mesmo pela migração das populações. São múltiplas as razões que têm levado a uma diminuição das receitas dos municípios. Qual o caminho então a seguir?

Claramente uma aposta séria e real na definição e implementação de um Plano de Marketing que corresponda às necessidades dos seus públicos-alvo: munícipes, empresas, turistas, comunicação social, entre outros. O tradicional paradigma de gestão municipal está ultrapassado. As autarquias terão de se modernizar e apostar em novos modelos e estruturas. Eu defendo mesmo um modelo empresarial para as autarquias, onde seria integrado um departamento de marketing responsável por detectar as oportunidades e reduzir as ameaças. Isto deverá ser, em primeiro lugar, percepcionado pelos autarcas como um investimento e não como um custo. Depois, será fundamental comunicar, de forma clara e correcta, aos cidadãos os reflexos positivos nas suas vidas da aplicação dessa estratégia.
Amanhã, concluirei o meu raciocínio.

domingo, 16 de novembro de 2008

O deserto do PSD



Manuela Ferreira Leite num encontro esta semana com militantes do PSD queixou-se da cobertura jornalística de uma acção recente onde esteve presente. Segundo a líder do maior partido da oposição, esta iniciativa foi apenas a 14ª notícia durante quatro segundos na televisão, numa altura em que iniciava o jogo do Sporting-Benfica. Esta foi uma das justificações de Manuela Ferreira Leite para o facto de não conseguir passar a mensagem e do PSD estar em baixa nas sondagens.
Parecem-me no mínimo absurdas estas declarações. Será que alguém acredita que são apenas factores externos, como o invocado agora pela líder do PSD, que contribuem para o mau desempenho do partido? Não terão os seus dirigentes a lucidez necessária para ver que as suas intervenções públicas são praticamente vazias de conteúdos, sem capacidade para entusiasmar os portugueses?
O PSD não demonstra ter qualquer tipo de estratégia. Manuela Ferreira Leite não gera empatia. Estes são problemas que estão a castigar e a prejudicar a má performance do partido, não aproveitando o evidente desgaste do Governo e do Partido Socialista que se verifica nesta altura.
O maior partido da oposição tem de compreender que a relevância e a credibilidade conquistam-se. O recente percurso do PSD, marcado pelas inúmeras disputas e casos internos, levou a que perdesse espaço e importância pública. Enquanto não arrumar a casa e mobilizar os seus próprios militantes, jamais conseguirá ganhar os eleitores e os portugueses. O mesmo se passa na vida das empresas. Se o público interno não estiver empenhado, motivado e identificado com a estratégia da empresa, esta não conseguirá ganhar clientes.

Prevejo assim que o PSD continuará a percorrer um longo e penoso deserto mediático…

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Croquete Venenoso


"Em Portugal faz-se pouco jornalismo de investigação. Diz-se que é por causa dos directores dos meios de comunicação social porque não acreditam que seja rentável. É verdade mas é também porque o jornalista não tem iniciativa para investigar, reforçada actualmente com a preguiça por causa das novas tecnologias como a Internet, há a ilusão de que está lá tudo".


Paulo Moura, jornalista e docente da Escola Superior de Comunicação Social, à margem da Primeira Conferência Internacional sobre Jornalismo de Investigação e Novos Meios Tecnológicos que decorreu em Lisboa (Fonte: Diário de Notícias)