domingo, 29 de outubro de 2006

Os perigos de uma comunicação arrojada

Recentemente o Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade (ICAP) mandou retirar do ar uma campanha da multinacional FIMA. Em causa um anúncio de TV onde surgia um comboio de imagens de leite a desfilar e uma ‘voz off’ a apregoar que “apenas um (Becel Proactiv) foi distinguido pela Fundação Portuguesa de Cardiologia como uma escolha saudável”. O ICAP considerou que esta afirmação é susceptível de induzir em erro os consumidores portugueses.

Hoje em dia as marcas e produtos ambicionam evidenciar junto do público as suas mais valias em termos de saúde, ambiente e qualidade de vida. No entanto, grande parte destes benefícios não estão devidamente provados, o que deveria depois limitar os conteúdos das mensagens publicitárias. Mas nem sempre isso acontece, não sendo virgem no panorama português este caso da FIMA.

O desejo é tanto das empresas se diferenciarem dos seus concorrentes com argumentos relevantes e parcerias fortes, que muitas das vezes se esquecem da ética empresarial e comunicacional. A robustez e consistência da marca evidenciada até aqui, pode assim entrar num perigoso campo pantanoso, afectando toda a credibilidade conseguida durante anos. Já referia um velho ditado popular: "Não queiram dar um passo maior do que a vossa perna".

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Formação em Media Training

Sendo um dos objectivos deste blog dar a conhecer aos seus leitores iniciativas e acções relevantes na área da comunicação, hoje deixo-vos aqui as indicações de uma formação em media training que irá decorrer em Lisboa, Porto e Leiria já no próximo mês de Novembro.


quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Encontro Nacional de Estudantes de Jornalismo e Comunicação

Realiza-se nos próximos dias 3, 4 e 5 de Novembro, nas instalações da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria, o Encontro Nacional de Estudantes de Jornalismo e Comunicação 2006. Trata-se de um congresso de três dias destinado a estudantes de cursos superiores ligados à área científica da Comunicação e do Jornalismo. O tema central do Encontro será o jornalismo de proximidade.
Mais informações na página oficial do Encontro www.enejc.esel.ipleiria.pt

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Salve-se quem puder!

Nos últimos dias o jornal Meios & Publicidade noticiou os mais recentes serviços da agência SpeedCom – Marketing, Comunicação e Imagem. Prometem “fazer passar a mensagem adequada aos públicos-alvo, externos e internos” através de “ferramentas, know-how específico e valências que nem sempre são contempladas pelos recursos existentes no seio das organizações”. Posicionam-se como “um parceiro de excelência na área da comunicação”.

A agência lançou nos últimos dias três pacotes de serviços destinados às pequenas e médias empresas: Speedcom Light, Plus e Prime. O pack Light, segundo Jorge Sousa, um dos partners do projecto, é o mais simples, centrando-se apenas na “divulgação de informação”. Já o Plus “é mais completo, fazendo um follow-up da divulgação da informação e um relatório para a empresa”. Por sua vez, o Prime garante “um retorno das informações divulgadas”. O responsável da empresa adiantou ainda ao mesmo jornal que o preço do pack mais caro custará “500 euros”, sendo que os preços vão “depender muito do tipo de informação a divulgar”.

Face a estas declarações a APECOM insurgiu-se referindo que “não é possível prestar este tipo de serviços em ‘pacote’ e muito menos a preços tão baixos como os anunciados neste caso”.

É de facto muito triste e acima de tudo muito ofensivo para os verdadeiros profissionais do sector existirem empresas com uma postura como a que a Speedcom aparenta ter. Abordar a comunicação como se de um sumo (light, plus ou prime) se tratasse é de facto lamentável.

Tal como nem toda a gente nasceu com capacidade para ser médico, também certamente que existem muitos que querem ser gestores e nem que se esforcem muito não o conseguem. Infelizmente existe uma forte carência de gestores lúcidos e com um conhecimento alargado do mercado à frente das agências de comunicação em Portugal. Como poderão adiantar o preço de um serviço de comunicação de forma tão leviana? Como pode uma empresa lucrar com orçamentos de 500 euros? Que honorários terão os seus colaboradores? Que mais valia vem trazer esta empresa ao mercado nacional? Acima de tudo, que retorno do investimento podem estas PMEs esperar com uma parceria deste género? Certamente uma notícia no jornal lá da terra!

Temos de ser mais profissionais e responsáveis do que éramos ontem. Já não basta cumprir, há que superar as expectativas dos clientes. Temos de ser exigentes com nós próprios. Temos de nos colocar do outro lado, de quem acredita e investe em nós esperando um óptimo desempenho. Temos de estar conscientes que se o budget dos nossos parceiros fosse um bolo, o de hoje seria mais pequeno e fatiado do que o de ontem, fruto da conjuntura económica que atravessamos e dos múltiplos investimentos disponíveis. Daí eu evocar a responsabilidade de quem possui uma empresa e actua no mercado.

Por reduzido que seja o investimento, 500 euros ou pouco mais, temos de pensar que estamos a falar de PMEs, cujos orçamentos são muito limitados. E ainda para mais, desconhecendo certamente os moldes de funcionamento da comunicação, perante uma ausência de resultados irão questionar não só a empresa como pôr em causa as mais valias da disciplina. E isto já nos toca a todos!