domingo, 28 de agosto de 2005

Relações com os Media - Parte I

Como em todas as classes profissionais, também no jornalismo, existem bons e maus profissionais. Quer se goste ou não do jornalista x ou y, os consultores de comunicação têm de se relacionar, e bem, com todos, pois eles são determinantes para os resultados a apresentar.

Falando um pouco da minha experiência profissional, enquanto colaborador numa agência de comunicação, posso dizer que existem alguns jornalistas que possuem um grande preconceito em relação às agências e aos seus profissionais. Porque será? Enumero aqui algumas razões:
- Desconhecimento por parte dos consultores de comunicação das horas mais adequadas para contactar os jornalistas. Imaginem o quanto é aborrecido para um jornalista que está no final do dia a fechar um artigo para a edição do dia seguinte, receber um telefonema de uma agência para saber se ele irá estar presente numa conferência de imprensa daqui a 3 dias;

- Enviar um email para um jornalista com informação e ligar 10 minutos depois para saber se ele recebeu o documento e se vai fazer notícia;

- Abordagem publicitária ao telefone com o jornalista. Muitos consultores de comunicação parecem autênticos publicitários pela forma como “vendem” a informação. Para além de para eles, todos os assuntos que têm em mãos são sempre excelentes e devem ser sempre publicados;

- Postura passiva e desinformada nas conferências de imprensa. Muitos consultores de comunicação estão nos eventos mas não sabem por exemplo identificar os oradores e quais os principais temas ali abordados. Ou seja, são uma ajuda nula para o jornalista;

- Envio de informação de forma massificada para todos os meios de comunicação social. É muito importante analisar e adequar o tipo de informação a veicular ao target jornalístico. A informação não pode ser “vendida” para o Diário de Notícias da mesma forma que é “vendida” para a revista Maria.

Infelizmente todas estas situações acontecem cada vez mais. Na minha opinião uma das justificações para este cenário, é o facto das agências de comunicação, numa medida de redução de custos, estarem cheias de estagiários que vêm das faculdades sem a mínima noção de saber comunicar com os jornalistas e depois também não receberem esse tipo de formação nas agências.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Angariadores de Vips

Já ouviu falar alguma vez desta profissão/ocupação? Sabe o que fazem? E quem são estas pessoas?
Eu passo a explicar: são pessoas contratadas por empresas que têm como função colocar vips em festas e eventos de marcas e produtos, com o objectivo destes obterem o maior retorno mediático.

Um bom Angariador de Vips gaba-se pela sua extensa carteira de amigos. Ou melhor, eles consideram-se amigos de toda a gente, mas na verdade não passam de meros conhecidos, na maior parte das vezes. No entanto, isto não interessa nada, nem para os Angariadores nem para os outros, pois todos têm a ganhar! Os primeiros, pela recompensa monetária em função do serviço prestado, os outros pela visibilidade que obtêm nas revistas apelidadas de cor-de-rosa e pelas ofertas que recebem.

Existem dois tipos de Angariadores: os em regime de freelancer e os que estão ligados a empresas de comunicação ou de eventos. Os primeiros estão claramente em maioria. Isto prende-se com duas razões: conjuntural e pessoal. Por um lado, o mercado português é ainda muito pequeno. Muitas das vezes não justifica ter na empresa uma pessoa das 9h às 19h “especializada” nesta área, pois o volume de eventos e iniciativas é baixo. Ao nível pessoal, a justificação é simples: ganham mais! Trabalhando por projectos ou eventos, conseguem retirar maiores rendimentos do que se estiverem ligados a uma só empresa.

Normalmente, e falo por experiência própria, estes profissionais freelancers apresentam dois tipos de orçamentos: um preço por vip, e um valor por “pack de vips”. O processo negocial é simples. Os clientes (entenda-se as empresas) dos Angariadores de Vips explicam-lhes os objectivos e a natureza do evento, e consoante estas directrizes são definidos os vips preferenciais dos clientes. Personalidades com boa reputação, bonitas e conhecidas, são as características top dos pedidos. O resto, é trabalho dos Angariadores: conjugar os desejos dos clientes com a sua carteira de contactos!

Já os vips, algumas das vezes, em “época alta” de eventos, chegam a ir a dois ou três locais na mesma noite. Ora vejamos, às 21h iniciam o seu périplo noctívago no jantar de lançamento do novo modelo automóvel da Mercedes... às 23h já estão a assistir à apresentação do novo telemóvel da Siemens... e às 02h ainda chegam a tempo de abrilhantar a noite e pousar para umas fotos em mais um aniversário da Discoteca Kapital.

Conclusão: Angariador Reputado + Vips Mediáticos = Evento com Elevado Retorno Mediático = Cliente Satisfeito

domingo, 21 de agosto de 2005

Ofertas de Emprego

Apreciem estas ofertas de emprego muito recentes! São o sonho para qualquer pessoa formada em Relações Públicas. Uma profissão, sem dúvida, muito polivalente!


Centro Lúdico-Pedagógico, situado na Póvoa Sta Iria, pretende recrutar recepcionista / relações públicas. Horário 15:00-22:00 h. Entrada imediata. Enviar Cvitae com carta de apresentação e fotografia para cepovoa@hotmail.com.


RELAÇÕES PÚBLICAS (m/f) ( 18-08-2005 )
Anónimo
Descrição da empresa: Restaurante em Lisboa
Contacto e nº de referência: Envio de candidaturas para o email.
Observações: Em regime Part-Time


Já agora, alguém interessado?

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

As Relações Públicas e a Indústria Cinematográfica

Acabei de chegar a casa, depois de ir ver ao cinema o filme "Charlie e a Fábrica de Chocolate", de Tim Burton. Confesso que adorei o filme e toda a sua fantasia. Mas porque é que vos estou a falar disto aqui?
É simples: na minha opinião, este filme, pelo seu conteúdo, poderia ser trabalhado ao nível da comunicação e das relações públicas de forma muito interessante. Sem grandes investimentos, poderia-se criar uma expectativa sobre o filme junto dos jornalistas e consequentemente junto do público. São vários os pretextos comunicacionais que poderiam ser explorados.
Por outro lado, e se uma marca de chocolates se associasse ao filme? Não acham que seria interessante e benéfico para o produto associado e para o próprio filme? Não concordam que as relações públicas poderiam dar um forte impulso nos resultados desta parceria? Eu acredito que sim!
Penso que a indústria cinematográfica, que é um mercado muito apetecível, tem nesta área, ainda muito potencial para explorar. Digo isto, não tanto pelo que se faz nos E.U.A., onde já se investe bastante, mas mais pelo caso português, onde pouco ou nada se faz.
Por último, deixo uma questão: Será que para comunicar um novo filme é suficiente convidar umas figuras públicas para a ante-estreia, como acontece actualmente no nosso país, ou podemos ser mais imaginativos e ir mais além (como o Tim Burton nos seus filmes), e criar inovadoras acções de relações públicas?

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

A Era do Infortainment

Queira-se ou não, penso que todos concordam que estamos a viver a Era do Infortainment. Nascido nos Estados Unidos da América, como é normal nestas coisas, este conceito já chegou a Portugal e está para ficar.

Infortainment ou informação-espectáculo, já é uma realidade da maior parte dos nossos meios de comunicação social. Claro que há excepções, mas são muito poucas!

Cada vez mais, este tipo de informação vende. Jornal 24 Horas, revista Sábado e TVI, são alguns exemplos onde, de forma diferente, isso é visível. O critério editorial destes meios é o de informar e ao mesmo tempo o de entreter o seu público, tornando assim a informação num produto light. Tudo isto numa perspectiva de ganhar mais leitores ou espectadores à concorrência, para que consigam aumentar as suas receitas publicitárias.

Face a isto, as empresas de relações públicas e os seus profissionais se querem obter sucesso nas suas acções têm de seguir o mesmo caminho.

A era da simples conferência de imprensa para apresentar um produto ou serviço está ultrapassado (salvo raras excepções). Os jornalistas estão fartos do cenário “Portugal Sentado”, como eles normalmente apelidam este tipo de iniciativas.

As acções de relações públicas para obterem sucesso têm de ser cada vez mais “apimentadas”, quer na forma, quer no conteúdo. Por exemplo, hoje em dia, na área de consumo, um evento para lançar um novo telemóvel no mercado tem de contar impreterivelmente com figuras públicas. Já na área da saúde, conseguir uma reportagem na TV sobre as vantagens de um novo tratamento, implica conseguir encontrar um doente que se disponibilize a dar o seu testemunho pessoal.

Concorde-se ou não, são estes os critérios jornalísticos que vigoram na maioria dos meios de comunicação nacionais. Quanto a nós, profissionais de relações públicas, ou seguimos este caminho, ou é bem melhor que procuremos desde já outra profissão.

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Um problema de terminologia

Tenho que vos confessar que sempre que me surge um questionário ou inquérito pessoal para preencher, nunca sei o que colocar no espaço em branco da profissão. Por vezes (na maioria), digo que sou Técnico de Comunicação, outras vezes, coloco Consultor de Comunicação (como neste blog), ou mesmo outro termo qualquer que me vem à cabeça no momento. Já repararam que não referi Relações Públicas. Não foi lapso, na verdade nunca mencionei que era Relações Públicas. Qual será a explicação?

É simples, uma questão de conotação do termo. Não é que eu tenha nada contra os ditos "Relações Públicas" das discotecas ou restaurantes, pois fazem o seu trabalho de encher as casas para as quais trabalham, mas não acho correcto que pessoas que só por serem vips ou pseudo-vips e terem uma cara engraçada, sejam nomeados dessa forma. O que sabem essas pessoas de comunicação? Na esmagadora maioria das vezes, absolutamente nada!

O mais grave é que esta situação tem repercussões muito maiores. Por exemplo, as faculdades mudam o nome dos seus cursos. Na minha fase académica, entrei com aspirações de me licenciar em Relações Públicas, e no final, saí com o canudo de Comunicação Empresarial. A justificação por parte do Conselho Directivo da Escola foi clara: ajudar os recém-licenciados a serem melhor percepcionados pelo mundo empresarial.

Para muitos esta divergência de terminologia pode ser uma questão secundária. Para mim, não é!

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

A queda da publicidade e a ascensão das relações públicas

Se ainda não leram este livro, não percam mais tempo! É uma excelente obra de Al Ries e da sua filha Laura Ries. Segundo os autores "Todos os êxitos de marketing recentes são êxitos de relações públicas, não são êxitos de publicidade"!

Eu não quero iniciar nenhuma guerra com os publicitários nem com os defensores acérrimos da publicidade, mas de facto, penso que se justifica cada vez menos os loucos investimentos que se fazem nesta área. Muitas das vezes, acho que as dispendiosas campanhas publicitárias, são mais uma questão de vaidade dos directores de marketing e dos gestores de produto do que outra coisa. Penso mesmo que é uma questão de afirmação profissional. Quem não tiver no seu curriculum várias campanhas publicitárias jamais será reconhecido pelos seus pares!

Voltando a Al e Laura Ries, referem estes que "A grande disciplina de 'marketing' para a criação de marcas é, hoje em dia, as relações públicas". Concordo a 100% com eles! Nada melhor do que as relações públicas para construir consistentemente uma marca capaz de triunfar na sua área de negócio, cada vez mais competitiva. Uma boa estratégia de comunicação (entenda-se relações públicas) é capaz de fazer passar subtilmente e eficazmente as mensagens pretendidas pelas marcas. No entanto é necessário tempo! Coisa que os responsáveis das marcas, pressionados pelos seus directores e pelo aumento das vendas que tardam em aparecer, muitas vezes não têm. Desta forma, pensam eles, é mais fácil jogar todos os trunfos numa mega campanha publicitária, onde num mês se gasta o dinheiro que daria para implementar durante uma ano uma eficaz estratégia de relações públicas!

Este é contudo, um cenário muito nosso, muito português. No entrangeiro, nomeadamente nos Estados Unidos, as relações públicas têm um papel importantíssimo nas empresas deste país. Quem será que está no caminho certo?!!

O início...

Olá!!
Resolvi criar este blog sobre Relações Públicas (RP) porque acho que esta área, tantas vezes esquecida e mal percepcionada, já merece!! Todos falam por exemplo sobre as vantagens da publicidade, os resultados (quase) milagrosos que esta disciplina proporciona às empresas, mas quando se aborda as relações públicas, ou não sabem ao certo o que é, ou têm uma imagem totalmente errada das suas potencialidades. São estes que ajudam que as RP sejam ainda percepcionadas por muitos como a área do croquete, do bolinho e da "carinha laroca".
Infelizmente, como em todas as áreas, também nas relações públicas existem bons e maus profissionais, acções de comunicação que resultam, e outras que nem por isso. Vou (tentar) andar atento a estas situações para que possamos todos reflectir um pouco sobre o que se anda a fazer por aí. Espero contar com os V. comentários regularmente para fazer deste blog um local útil e interessante para todos os que se interessam por esta área!!!