quinta-feira, 29 de junho de 2006

Os homens dos ministros

Foi notícia no passado dia 18 de Junho, no jornal Público, as remunerações dos assessores dos actuais ministros, nomeadamente o facto de alguns deles ganharem mais que os do primeiro-ministro, José Sócrates. Segundo o mesmo artigo, os chefes das pastas das Finanças, Negócios Estrangeiros, Administração Interna e Justiça são os que mais bem pagam aos seus assessores de imprensa.

Fernanda Pargana, responsável pelas relações com os jornalistas no Ministério das Finanças aufere mensalmente um ordenado-base de 4500 euros. Por outro lado, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Carneiro Jacinto, certamente o mais mediático entre os seus pares do Governo, recebe um vencimento-base de 4432 euros. Este representa um caso curioso, pois transita dos anteriores Governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, onde foi igualmente assessor na mesma pasta ministerial.

Entre os mais bem remunerados encontra-se também o assessor de imprensa do ministro da Administração Interna. António Costa contratou o ex-jornalista do Diário de Notícias, Duarte Moral, que aufere cerca de 3450 euros, a que acresce as despesas de representação, subsídios de férias, de Natal e de refeição.

Já no Ministério da Ciência e Tecnologia, liderado pelo ministro Mariano Gago, a responsável pelas relações com os media recebe 3255 euros. Trata-se de Dulce Anahory que foi requisitada aos CTT.

O ministro Alberto Costa entregou a gestão da comunicação da pasta da Justiça a dois assessores: José Carlos Costa, requisitado à SIC, e Ricardo Pires, proveniente do Parque Municipal do Município de Cascais. Cada um ganha mensalmente cerca de 3250 euros.

Em média, o grosso dos assessores de imprensa do Governo recebe um ordenado semelhante, uma vez que a sua remuneração está equiparada à de um adjunto de gabinete. Este valor ronda os 2800 euros sem contar com os extras. Há ainda assessores cujos rendimentos não estão publicados. Maria João da Silva é um destes casos. Foi requisitada à Parque Expo S.A. e optou pelo vencimento de origem. É uma das possibilidades que a lei permite.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Estratégias de Comunicação

É notório nos últimos anos o aumento da necessidade de comunicar por parte das empresas em Portugal. Independentemente do sector profissional, todas elas pretendem protagonismo nos meios de comunicação social. Vêem estes como veículos privilegiados para chegar aos seus diversos públicos: consumidores, accionistas, entidades oficiais, entre outros. Resultados financeiros, iniciativas empresariais e acções de responsabilidade social são alguns dos pretextos comunicacionais mais utilizados.

Muitas das empresas sem departamentos ou responsáveis de comunicação delegam nos seus responsáveis de marketing a (grande) responsabilidade em contratar a agência de relações públicas que ficará encarregue pela comunicação da empresa. Face a esta realidade, nasceram, nos últimos tempos, inúmeras agências, muitas delas dirigidas por pessoas sem capacidade de gestão nem liderança, e para as quais o dumping é o primeiro e, por vezes, o único argumento nos concursos onde entram. Fruto disto, estas empresas contratam pessoas a baixo custo, onde obviamente, a experiência e motivação é sobejamente reduzida.

Por outro lado, temos também assistido a um mercado de media muito dinâmico, com a abertura de novas publicações em diversas áreas, com especial incidência na economia/negócios e saúde. No entanto, dado não terem havido substanciais alterações nos meios de comunicação social premium, e por outro lado haver cada vez mais fontes de informação, a luta pelo espaço editorial é bastante elevada e agressiva. Exige-se assim dos profissionais de comunicação criatividade, estratégia, conhecimento e muita perseverança. Sem estes atributos, seja qual for o tema que se queira colocar na ordem do dia, não se alcançará o sucesso. E muitas das vezes é mesmo a estratégia que falta, o que é inadmissível e preocupante, pois, como já referi, vivemos num mercado cada vez mais concorrencial e numa era onde a profissionalização e empenho são cruciais para o triunfo nos projectos que abraçamos.

A imagem de uma empresa é algo muito valioso. Basta um dia ou um incidente para manchar a reputação de uma instituição que pode ter levado anos a edificar. Os gestores de comunicação das empresas são assim activos muito importantes, cujo sucesso está dependente da política e dos instrumentos de comunicação utilizados.
Um desses instrumentos mais tradicionais e mais utilizados são as chamadas conferências de imprensa. É frequente que, quando se pretende dizer algo de importante (e para as empresas, todos os dias têm coisas importantes para revelar), se convoque os jornalistas para o que se chama de “Portugal sentado”. Aluga-se uma sala de hotel, arranja-se uns bolinhos e uns cafés, coloca-se dois ou três oradores a falar durante 90 minutos, e já está! Qual o número de jornalistas presentes no local? Qual o retorno de investimento destas iniciativas? Apesar de não ter qualquer estudo, acredito que na maior parte das situações fique aquém das expectativas dos responsáveis.

De quem será a culpa? Não deverá o técnico da agência de comunicação, numa atitude pedagógica, referir ao seu cliente que todos os dias os jornalistas recebem dezenas de e-mails e faxes com convites para iniciativas, e que por isso, desta vez, realizar uma conferência de imprensa não trará os resultados esperados? Não deverá o profissional da agência propor alternativas de comunicação, certamente mais baratas, mas também mais eficazes? Na minha opinião, sim! No entanto, do outro lado da empresa cliente, terá de haver alguém que tenha faro comunicacional e veja a comunicação como uma mais valia e não como um fardo inevitável. Para isto ter um director de comunicação qualificado é meio caminho andado!