domingo, 27 de agosto de 2006

O tabu das agências de comunicação

Uma notícia veiculada pelo jornal Correio da Manhã na passada sexta-feira, demonstra, mais uma vez, o enorme tabu em torno das agências de comunicação e dos serviços por elas prestados.

O referido artigo (para ver toda a notícia, consulte
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=212497&idCanal=90) mencionava que o PSD contratou a agência IPSIS, do grupo Brandia Central de Comunicação, para tratar da imagem do partido e também do seu líder, Marques Mendes. No entanto, o secretário-geral do partido, Miguel Macedo, ao ser contactado pelo diário, clarificou de imediato, que os serviços contratados incidem apenas nas áreas do grafismo e design.

Não compreendo a razão de camuflar os serviços de comunicação e imagem prestados por outros aos partidos políticos portugueses. Será que estes senhores pensam que o Zé Povinho é assim tão burro que não sabe que tudo é preparado cuidadosamente e que existem dezenas de pessoas a trabalhar para as máquinas partidárias, sejam elas de direita ou de esquerda. Todas elas têm estruturas cada vez mais profissionalizadas, onde cada ocasião, seja um comício político, uma entrevista a um meio de comunicação social ou a presença numa cerimónia pública é pensada de forma rigorosa para retirar o maior proveito para o político e para o partido em causa.

Actos destes apenas contribuem para deteriorar ainda mais a já muito debilitada imagem dos partidos políticos e dos seus representantes em Portugal. Por outro lado, o facto de um dos responsáveis da IPSIS estar incontactável, segundo o próprio jornal, e não haver qualquer esclarecimento por parte da empresa a esta notícia, também não ajuda em nada a credibilizar e a afirmar as valências do sector da comunicação em Portugal.
Se ninguém recorre a empresas de comunicação, como é que sobrevivem as dezenas de agências existentes em Portugal e os seus profissionais? Ou para onde irão as centenas de alunos portugueses formados todos os anos em Relações Públicas? Porque é que insistem em tornar os técnicos de comunicação em profissionais clandestinos? Será que alguém me explica a razão para tanto tabu?